Nos anos
que antecederam Yechi HaMelech, o Rebe enfatizou que os chassidim deveriam
gritar Ad Matai — We Want Mashiach Now!. Com relação a estas proclamações, o Rebe constantemente pediu aos chassidim que
gritassem, suplicassem e implorassem. O Rebe usava a frase "batendo na mesa e
gritando Ad Matai". Podemos encontrar isto em centenas de Sichot.
Alguém ouvindo uma fita cassete de um farbrenguen onde o Rebe fala sobre Ad
Matai, e fala sobre dizer We Want Mashiach Now, perceberia que a voz do Rebe
está alta e exaltada, e claramente o Rebe fala sobre gritar as palavras. Muitas Sichot
concluem com o Rebe dizendo que a multidão deveria gritar Ad Matai. Entendemos
haver um motivo para gritar as palavras e não simplesmente pronunciá-las.
O mesmo vale para Yechi HaMelech. Seguem-se passagens particularmente
importantes de três Sichot.
A primeira é de uma Sichá de 5741 em Likutei Sichot, vol. 20, pág. 458. Esta Sichá foi dita durante Chanucá. O Rebe discute a idéia da guerra contra o estudo da Torá, que existe em toda geração. Em nosso tempo, diz o Rebe, existe uma ênfase especial em travar a guerra com a frase "We Want Mashiach Now!", como se anunciava em voz alta após os pessukim terem sido recitados [antes de começar a Sichá]. Na nota de rodapé 16 da Sichá, relativa às palavras "em voz alta", o Rebe refere-se ao 11o Maamar no Kuntras U’Mayon. Esse Maamar discute rezar em voz alta. Segue-se um excerto desse Maamar:
"(Nechemia 9:4) Qual é, podemos nos perguntar, o significado de "grande voz?" O Talmud nos adverte (Berachot 24a) que aqueles que rendem culto em voz alta são "pequenos na fé", e que quem quer que eleve sua voz na oração faz parte dos "falsos profetas!" Rashi apóia isto com "Eles chamaram com uma voz alta". (Reis 1, 18:28). Ainda é costumeiro render culto em voz alta em Rosh Hashaná e Yom Kipur, como declara o Beit Yossef (Orach Chaim 101). Em Maguen David por Radvaz, número 9, "Deixe-me dizer algo de maravilhoso que extraí das palavras de nossos Sábios. As palavras que um homem profere deixam uma impressão na atmosfera. Elas perfuram o ar e os céus para se elevarem. Se as palavras forem boas e adequadas, e forem proferidas em santidade, serão apresentadas a Ele, ‘que falou e criou o mundo’. Assim sendo, todo Israel está habituado, ao chorar em desespero, a bradar em alta voz, para causar forte impressão, para atravessar a atmosfera... Mas os zombadores censuram os sábios por rezarem em voz alta? Explica Rashi que dá a impressão, das vozes elevadas que quem presta culto está incerto sobre se Hashem pode ouvir uma prece murmurada, de forma que acha que é mais seguro berrar, razão pela qual os Sábios descrevem tal pessoa como "pequena na fé". Outra razão simples é que as preces em voz alta perturbam os outros durante o culto. Tudo isto se aplica ao culto normal, que deve ser sussurrado. Mas, numa época de angústia, a centelha interior que liga o homem a Hashem é revelada em todo homem pela simples fé em Hashem, que opera maravilhas. Não há razão para se preocupar, aqui, com o medo de perturbar os outros, pois, quando mais não seja, o culto espiritualizado e desapaixonado de uma pessoa comoverá as demais pessoas, também incitando-as a se arrependerem. Esta espécie de prece precisa ser "em voz alta’. Rosh Hashaná e Yom Kipur destinam-se a despertar o que está lá dentro de nós, a essência, como se explica sempre, e, então, o culto deve se caracterizar por um despertar interior do coração e por voz alta.
Visto que Mashiach é algo sem o que não podemos viver, e não existe desgosto maior e dor maior do que a dor do exílio, rezar em voz alta é a coisa mais adequada a fazer nesta ocasião.
Outra Sichá significativa com relação a este assunto é encontrada em Likutei Sichot, Parashat Tetsave, vol. 16, pág. 341. O Rebe discute o fato de que abaixo da vestimenta que o Cohen Gadol usava, havia sininhos que faziam ruído. E o Rebe discute o significado espiritual disto. Ao final da Sichá, diz o Rebe que as pessoas têm uma pergunta [que não se relaciona especificamente a Mashiach, mas aos mivtsaim em geral. Isto também pode ser relacionado ao tumulto sobre Mashiach]. Ainda que se entenda que temos de sair às ruas para aproximarmos as pessoas do judaísmo, as pessoas indagam por que isto tem de ser feito com tanto ruído e com tantos anúncios. [A idéia de usar os Mivtsá Tanks, que gerou tanta comoção e atraiu tanta atenção não parece se enquadrar na maneira tradicional de atuar da Torá.) Responde o Rebe a esta pergunta dizendo que estamos agora no final da galut. Esta era pode ser comparada ao fundo do traje do Cohen Gadol. Assim como é preciso haver sinos na parte de baixo do traje, sinos que fazem muito ruído, assim também — ao final da galut — precisamos fazer muito barulho.
A maneira de trazer um judeu para kedushá [santidade] é ir às ruas fazendo muito barulho. Provocando comoção em kedushá, isto se contrapõe a todo o ruído mundano relacionado a assuntos profanos.
Assim sendo, vemos que isto não é algo que só foi iniciado faz pouco tempo por alguns "extremistas", mas o Rebe sempre enfatizou a idéia de ir ao encontro do mundo com comoção e tumultuadamente. Esta é a abordagem totalmente diferente do Rebe ao final da galut — o exílio.
A terceira Sichá relevante é encontrada em Sêfer Hitvaaduiot, Shabat Parashat Tsav, 5748. Especificamente, o Rebe fala sobre a idéia de clamar e berrar We Want Mashiach Now porque não podemos viver sem Mashiach. Não se deve apenas gritar e berrar para Hashem, mas também para as pessoas. Diz o Rebe que quando alguém se dirige à outra pessoa, a primeira coisa a fazer é gritar Mashiach Now!. Isto deve ser dito em voz tão alta que a pessoa grite o mesmo, também. Ora, diz o Rebe, isto pode suscitar uma pergunta. Sabemos que se quisermos ter influência sobre alguém, é melhor agir de modo calmo. Primeiro, alguém deve dizer "Alô!". Depois, deve perguntar a respeito do bem-estar da pessoa e de sua família. A seguir, deve indagar a respeito de seus negócios, e só depois discutir os tópicos elementares do judaísmo. Por fim, alguém pode falar a respeito dos dias finais e, finalmente, Mashiach está chegando! Porém, aproximar-se de alguém e de imediato gritar Mashiach Now! parece contradizer a afirmação de que "A pessoa sábia fala suavemente". Que tipo de impressão isto causará? Diz o Rebe que quando alguém ouve uma pessoa normal gritar, subitamente, Mashiach Now!, isto revelará o que está nas profundezas da neshamá [alma] da pessoa, e ela também bradará Mashiach Now porque ela virá que não dá para alguém viver sem Mashiach.
Daí vemos que, a despeito daqueles que dizem que gritar a respeito de Mashiach perturba as pessoas, a abordagem do Rebe é que o brado exercerá influência sobre outras pessoas, fazendo-as compreender que o assunto é urgente, e elas próprias começarão a bradar.