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Fé Não É Imaginação KRAYIOT (ISRAEL) — Rabino Sholom Dovber Reichman.
Estamos agora perto do grande e sagrado dia de Guimel Tamuz. O Rebe Melech HaMashiach propôs a inovação de chamar este dia “o Yom Tov dos chassidim.” No Sêfer Ha’Min’haguim, o Rebe menciona o dia especial de Guimel Tamuz desta forma: “E, portanto, parece-me que eles deveriam celebrar o dia de Guimel Tamuz”. O Rebe até explica extensamente que a razão pela qual o Rebe Rayats não estabeleceu Guimel Tamuz como um Yom Tov é porque o Nassí [líder] julgou a sua influência limitada em Guimel Tamuz, depois de ter sido enviado para o exílio em Kostrama e, conseqüentemente, ele não é considerado um Yom Tov. Porém, como este dia está relacionado à ligação dos chassidim com o Rebe e tudo o que o Rebe representa, como o Rebe foi efetivamente salvo neste dia, então os chassidim deveriam celebrar o dia de Guimel Tamuz. Eu tive o privilégio de passar muito tempo próximo ao memorável mashpia, Reb Mendel Futerfas, de abençoada memória, que faleceu no dia 4 de Tamuz de 5755, e durante anos Reb Mendel verdadeiramente considerava Guimel Tamuz um Yom Tov especial. Eu me lembro que as pessoas perguntavam a ele se elas deveriam recitar Tachanun em Guimel Tamuz, e Reb Mendel bradava: “Como é possível recitar Tachanun no dia em que o Rebe saiu da prisão?” É claro que há a famosa resposta do Rebe a esta pergunta — que o assunto depende dos sentimentos da pessoa e, então, se a pessoa pergunta, este é um sinal de que ela não tem o sentimento requerido. Os chassidim não têm nenhuma pergunta, e nós vimos a cada ano como Reb Mendel tratava este dia como um Yom Tov sob todos os aspectos. Eu me lembro que Reb Mendel contava como, em 5687, as pessoas não sabiam se o Rebe Rayats estava vivo. Na ocasião, Reb Mendel vivia em Nevel, e o mashpia Reb Zalman Moshe HaYitschaki, de abençoada memória, enviou o pai do interrogador soviético Nachmanson, um membro do Anash, para descobrir do filho dele sobre a condição do Rebe Rayats. O pai partiu para realizar a perigosa missão e, como Reb Mendel lembrava, pai e filho sentaram juntos em um banco, e Nachmanson, o filho, indicou ao seu pai que o Rebe ainda estava vivo. O pai trouxe as notícias aos chassidim, e eles souberam que ainda havia motivos para rezar... Em Guimel Tamuz, quando chegaram as notícias de que o Rebe havia sido libertado da prisão, os chassidim em Nevel dançaram a noite inteira, até o Aron Codesh quase cair. O mashpia Reb Zalman Moshe estava completamente bêbado, e quando ele chegou à porta de sua casa, deu cambalhotas em cima da lama que lá havia, cantando “Ashreinu” o tempo todo. Depois, alguns chassidim começaram a levantar dúvidas e dizer que nós não estávamos falando sobre uma redenção completa, porque o Rebe havia sido enviado para o exílio em Kostrama. Mas Reb Zalman Moshe não prestou nenhuma atenção a estas declarações e continuou a realizar farbrenguens todas as noites, até Yud Beit Tamuz. Quando chegaram as notícias da libertação, todos viram e compreenderam que Reb Zalman Moshe tinha razão. Em relação à nossa presente situação, e como Reb Mendel usualmente percebia toda a situação de Guimel Tamuz de 5754, nós vemos que o seu modo de conduta era literalmente como um chassid deveria entender Guimel Tamuz. Toda a situação com o Rebe Melech HaMashiach desde 5752 afetou a simchá de Reb Mendel, porque verdadeiramente tocou o seu coração. Eu me lembro como Reb Mendel sentou no 770, em Shabat Mevarchim Tevet, com avrechim de Anash e baalei batim, e disse que cada um deles deveria aceitar algum assunto sobre si. Então, um dos baalei batim perguntou para Reb Mendel: “O que o senhor está assumindo?”, e Reb Mendel respondeu que ele aceitava estudar Massechta Beia. Qualquer um que conhecia Reb Mendel sabia muito bem como as coisas eram fisicamente difíceis para ele. Ainda assim, apesar das dificuldades, todos viram como a conduta que Reb Zalman Moshe havia transmitido a ele se sobressaía extraordinariamente. Depois de Guimel Tamuz 5754, ele repetidamente citava o comentário de Rashi sobre o versículo “‘Sejas sincero com Hashem, seu D’us’ — não inquiras sobre o futuro; em vez disso, aceite tudo o que acontece a você com fé simples”. Ele continuou aderindo com todo o seu coração à sagrada proclamação “Yechi Adoneinu Moreinu VeRabeinu Melech HaMashiach Leolam Vaed!” depois das orações, e para mostrar isso às pessoas que estavam em dúvida, ele dizia isso em voz alta em mais de uma ocasião para que as pessoas pudessem saber a sua posição sobre o assunto. Um dos avrechim virou-se uma vez para Reb Mendel e disse que havia discussões entre as pessoas de Anash se “Yechi” deve ou não ser dito, e Reb Mendel respondia categoricamente: “Qualquer um que acredita que o Rebe está vivo deve dizer ‘Yechi’”. Todas as vezes que o Rebe escreve sobre o assunto de Guimel Tamuz, ele discute como os chassidim devem se relacionar a este dia. Alguns chassidim não entenderam no primeiro Guimel Tamuz, em 5687, por que as pessoas estavam comemorando: o Rebe aparentemente não havia sido condenado a um longo exílio? Mas aqueles chassidim que permaneceram firmes com sua conexão ao Rebe festejaram, porque finalmente foi retroativamente provado que Guimel Tamuz foi de fato o início da Redenção. Não foi em vão que o Rebe respondeu que o assunto de Guimel Tamuz dependia do sentimento íntimo da pessoa, porque o Rebe Rayats não havia estabelecido este dia como um Yom Tov, deixando, em vez disso, para os chassidim decidirem sobre isso de acordo com o sentimento deles. Cada pessoa interpreta o Yom Tov como quer, Reb Mendel repetia isso sem parar. Quando quiseram cancelar a “Kvutsa” (uma vez que não havia mais nenhuma razão para viajar e ninguém para ver, assim por dizer), Reb Mendel lutou com toda a sua força para que a “kvutsa” não fosse cancelada. Olhando para trás, foi especificamente Reb Mendel que durante anos fez todo o “koch” especial relativo ao Yom Tov de Guimel Tamuz, e, depois de Guimel Tamuz de 5754, quando começou todo o ocultamento, encobrimento e confusão, foi ele que teve o especial privilégio de ser o pilar de fogo à frente do acampamento, dizendo que não há nenhuma mudança no Rebe, chas veshalom; ele continua em todos os assuntos como antes. Qual é exatamente o ponto principal de Guimel Tamuz? Se alguém buscasse o Rebe para si mesmo e para os seus próprios assuntos pessoais, a sua percepção do Rebe seria completamente diferente. Porém, considerando alguém que vive com o Rebe e sabe que toda a sua vida é para o Rebe, a visão e a percepção de Guimel Tamuz é algo totalmente diferente. Está claro para os chassidim que o conceito de Guimel Tamuz faz parte do processo purificatório da revelação do Rebe Melech HaMashiach, “que suporta as nossas aflições”. Na realidade, é assim que deveríamos entender esta situação. Qualquer um que viva com o Rebe fica feliz, sabendo que Guimel Tamuz simboliza o conceito do início da Redenção. Portanto, qualquer um que possua profundo sentimento chassídico e viva com o Rebe, suas mais recentes sichot, e o ponto de conexão entre o Rebe e os chassidim, como exemplificado pelo canto, durante mais de um ano e meio, de “Yechi Adoneinu”, vê todo o conceito de um ângulo privilegiado, totalmente diferente do que é visto pelo mundo. Além disso, quando merecermos a completa revelação do Rebe Melech HaMashiach, então será provado que Guimel Tamuz é “o dia que D’us fez; rejubilemo-nos e alegremo-nos nele”, uma vez que o Rebe define este dia sagrado como o dia de “it’chalta de’gueulá” [início da Redenção]. Porém, enquanto ainda não vimos o início da Redenção, não obstante, sabemos e acreditamos que é especificamente em um estado de tamanha escuridão que a luz começa a brilhar. Depois de Tishrei de 5753, quando o Rebe freqüentemente começou a sair na sacada, Reb Mendel dizia: “É impossível entender qualquer coisa; há novas revelações todos os dias”. Era assim que Reb Mendel percebia as coisas. Da mesma forma, depois de Yud Shevat de 5753, quando o mundo inteiro proclamou “Yechi” com grande publicidade, eu me aproximei de Reb Mendel e disse a ele que os judeus ainda continuam a acreditar, apesar da situação, e Reb Mendel respondeu: “Fé não é imaginação”. Em outras palavras, não é porque não temos nada a dizer que nos agarramos à fé, mas que de fato esta é a situação. O versículo “Pois vocês não viram nenhuma imagem”, significa que o povo judeu viu a verdade, que está acima de forma física e definição. O poder da fé é uma imensa força da alma que está totalmente acima do intelecto. Guimel Tamuz revela aos chassidim — e a todo o povo judeu — que a força da fé é maior que o intelecto; fé nas palavras de Moshé, a qualquer preço e em qualquer situação. Esta é a correção para o pecado da geração do deserto, e particularmente baseado no que o Arizal diz — que nós somos a reencarnação da geração que deixou o Egito, destinados a corrigir o pecado dela. A fé de hoje possui tremenda força, muito superior ao intelecto, e esta é a força que recebemos em Guimel Tamuz. É óbvio que constantemente estamos orando e pedindo para que a Redenção venha da melhor e mais revelada maneira possível, e que todos os assuntos presentemente no Mundo do Encobrimento muito em breve cheguem a um estado de revelação. Mas todo o ponto é que na nossa atual situação, “em um instante”, nós viveremos com o Rebe com todas as habilidades que recebemos, sem qualquer mudança, como elas foram expressas maravilhosamente pelo mashpia, Reb Mendel, e como ocorreu no primeiro Guimel Tamuz, em 5687. Reb Mendel sempre citava a declaração que o shaliach Reb Shmuel Dovid Raichik, de abençoada memória, mencionava em nome do Rebe Yisrael de Rujin, sobre o versículo “Mesmo se tiver que seguir pelo vale da sombra da morte, não temerei nenhum mal” — mesmo lá, no vale da morte, eu não vejo nenhum mal. Se é assim, então o que há de mal lá? O versículo continua: “Pois Tu estás comigo” — uma vez que D’us está lá sofrendo, assim por dizer, nós também estamos sofrendo. Nós sabemos que todo o objetivo do Rebe Melech HaMashiach é redimir o povo judeu e trazer a salvação eterna, a tal ponto que até mesmo antes de freqüentar o “cheder”, o Rebe começou a formar em sua mente “a visão da Redenção Futura, a redenção do povo judeu de seu exílio final, uma Redenção de tamanha magnitude que as aflições do exílio e seus decretos severos e aniquilações serão entendidos”. Então, o tremendo sofrimento do Rebe é o nosso sofrimento, pois nós não realizamos a missão no seu sentido mais pleno. Esta dor que nós vimos se manifesta na famosa sichá de 28 de Nissan de 5751, quando o Rebe nos incumbiu da avodá de trazer a Redenção na prática e fazer tudo ao nosso alcance sobre este assunto, e agora a única avodá que resta é receber e aceitar Mashiach. Está claro que, como chassidim que não querem se separar do Rebe por um único momento, mesmo quando a escuridão cobre a terra, nós continuaremos nos apegando ao Rebe com maior força em todos esses assuntos elevados, e então (como o Rebe continua em sua carta), “como parte desta Redenção, este nassí será um rei, não [apenas] um líder de uma tribo, mas uma pessoa que não tem ninguém acima dela, a não ser Hashem, seu D’us”. Os chassidim precisam encarar Guimel Tamuz como faz o Rebe, e particularmente como o Rebe nos ensinou a ver este grande dia. Na realidade, Guimel Tamuz é um Yom Tov dos chassidim, não do Rebe. Portanto, cabe a nós causar a completa revelação do Rebe com a verdadeira e completa Redenção. Também está claro e entendido que se o Rebe nos incumbiu desta missão, nós temos a habilidade de executá-la com a maior força para concretizá-la plenamente, e então proclamaremos em forte e incessante voz: Yechi Adoneinu Moreinu VeRabeinu Mélech HaMashiach Leolam Vaed!
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