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Onde Está o Cetro da Liderança? ISRAEL Rabino Chaim AshkenaziCOMO NOS
COMUNICAMOS? Às vezes nós
vemos que o longo período transcorrido desde Guimel Tamuz de 5754
conseguiu ofuscar a nossa compreensão da situação ideal que conseguimos
perceber. Nós ouvimos inúmeras opiniões sobre como nos referir ao que
aconteceu naquele dia, quais são as implicações para nós, e o que o Rebe diz
sobre o assunto. Porém,
enquanto estas coisas são discutidas dentro de nossas próprias fileiras, em um
fórum de “um ajudando ao outro”, não há nenhum problema. Pelo contrário,
os chassidim sempre buscaram todos os meios possíveis; o principal é haver
comunicação. O problema começa quando cada um começa a misturar seus próprios
sentimentos no debate. Como resultado, “um ajudando ao outro” se transforma
em “um engolindo o outro vivo”... Tentemos
examinar aqui o ponto principal, a partir do qual todas essas opiniões
diferentes surgiram entre nós desde Guimel Tamuz de 5754. (Nota: Quando
eu digo “entre nós”, me refiro entre chassidim e temimim, não
askanim [arrecadadores de fundos e doadores]. Estes últimos formam um
volume inteiro per si, e são totalmente irrelevantes à nossa discussão.)
Depois de
esclarecermos este ponto, será um pouco mais fácil entendermos um ao outro e
preencher a lacuna que lamentavelmente se estabeleceu em nossa comunidade. NASCE A
DISCUSSÃO Antes de tocar
no próprio ponto, eu gostaria de oferecer uma introdução importante. A
maioria das dúvidas e perguntas que surgiram desde Guimel Tamuz de 5754
não começou naquele dia; elas começaram um ano e um meio antes, como conseqüência
do que ocorreu em Chaf-Zayin de Adar Rishon de 5752. No sentido físico, o
estado de saúde do Rebe não era muito bom, e já naquela época todas as
perguntas começaram a martelar as mentes de muitas pessoas. Porém, depois de
alguns meses, a saúde do Rebe melhorou, e ele começou a sair todos os dias
para as oracões e encorajar o canto de “Yechi”. Nesta mesma época,
o Rebe realizou também tremendas maravilhas em nível mundial. Tudo isso serviu
como uma inspiração e uma renovação de esperança, fé e confiança,
deixando de lado todas essas perguntas e dúvidas. Então, de
repente, quando a saúde do Rebe começou a piorar e o ocultamento intensificou,
as perguntas e dúvidas redespertaram. Assim, a alegria e a dor oscilavam de um
dia para o outro, de um mês para o outro, ficando mais fortes e depois mais
fracas. Então veio Guimel
Tamuz, e aqui a pergunta ficou ainda mais séria. Aqueles que estavam em dúvida
sustentaram uma posição que crescia a cada dia. Enquanto isso, aqueles que não
tinham nenhuma dúvida, da mesma maneira que não tinham antes de Chaf-Zayin
Adar Rishon, continuaram na mesma linha de ação, até mesmo depois de Guimel
Tamuz. O tempo passou,
e as relações estavam no limite. Opiniões ideológicas ficaram mais pessoais
em natureza. Cada um sentia que estava mais certo que o seu vizinho, a ponto de
um lado ser julgado como herege, e o outro ser chamado de louco. As discussões
não pararam, e cada lado trazia as suas próprias provas: sichot, reshimot,
etc. Tudo estava em completo caos. O PONTO
FUNDAMENTAL Qual é toda a
discussão? Há um conceito
chamado “Rebe”. Diferente de qualquer outro tsadic, toda a idéia de
um Rebe não aparece abertamente na halachá (a porção revelada da Torá),
mas nos ensinamentos mais profundos da Torá. Lá é explicado que em toda geração
há um judeu que, além de ser um tsadic santo, puro e elevado, ele é um
homem Divino que conecta o povo judeu a D’us, influenciando assim todos os
judeus da sua geração, espiritualmente e materialmente. O primeiro
“Rebe” do mundo foi Moshé Rabeinu, cuja tarefa era influenciar o povo judeu
materialmente, assim como ele fez espiritualmente. Esta é a razão pela qual
quando os filhos de Israel pediram carne, eles não foram ao açougueiro; eles
foram até Moshé Rabeinu, sabendo que todas as influências espirituais e
materiais eram canalizadas através dele. Quando Moshé Rabeinu ouviu o pedido
deles, era o seu dever realizar a tarefa. Então ele reuniu setenta sábios para
executá-la. Da mesma maneira, Moshé certificou-se de que todas as suas
necessidades físicas fossem providas durante os seus quarenta anos no deserto. De modo
semelhante, é explicado em Chassidut que as influências espirituais de um
judeu passam por intermédio do Moshé Rabeinu de cada geração, já que é ele
quem assegura a conexão de um judeu com D’us. Falando de modo
simples, se um judeu estuda toda a Torá, contemplando profundamente por longas
horas sobre a grandeza de D’us, isto ainda não bastará para ele atingir amor
e temor verdadeiros! Somente o Moshé da geração é capaz de implantar amor e
temor em um judeu, conectando-o com D’us. Isto não só
se aplica com relação a amor e temor; um judeu pode cumprir Torá e mitsvot
com o máximo rigor, mas sem o Rebe da geração não tem valor algum. Somente o
líder da geração — Rosh Bnei Yisrael — faz a conexão entre D’us
e os filhos de Israel. Ele faz a ligação entre o povo judeu e o seu Pai
Celestial, e sem ele não há nenhum conteúdo de amor, temor, teshuvá [arrependimento/retorno],
ou Torá e mitsvot da pessoa. Para usar uma
expressão, este é o líder da geração em cada geração. Começando com Moshé
Rabeinu, seguido por Yehoshua, os Anciãos, os Profetas, os Juízes, os Reis, o nessiím,
os líderes no exílio, etc. Então veio o Baal Shem Tov, e eles começaram a
chamar os seus líderes pelo nome “Rebe”. Desde o Baal Shem Tov, isto foi
passado para o Maguid de Mezritch, o Alter Rebe [fundador e primeiro Rebe de
Lubavitch], o Miteler Rebe [seu filho e segundo Rebe de Lubavitch], o Tsemach
Tsedek [terceiro Rebe], o Rebe Maharash [quarto Rebe], o Rebe Rashab [quinto
Rebe], o Rebe Rayats [sexto Rebe], e o Rebe MH”M [sétimo e atual Rebe]. Desde que o
povo judeu se tornou uma nação, jamais houve uma interrupção. Toda geração
teve algum líder, o único e exclusivo líder por meio do qual todas as influências
espirituais e materiais eram canalizadas para o povo judeu. Como trazido inúmeras
vezes pela Chassidut, na linguagem do Zohar, esta é “a extensão de Moshé em
cada geração”. O Rebe explica que isto alude ao que está escrito no Tratado
de Shabat: “Moshé [referindo-se a um dos Sábios da geração], tu disseste
bem”. Rashi comenta que “você em sua geração é considerado como Moshé
na geração dele”. Assim, nós vemos uma fonte na Torá revelada que ensina
que o maior líder da Torá de uma geração é a “extensão de Moshé”
daquela geração. EM CADA GERAÇÃO Já que todas
as influências são transmitidas através do nassí, a Chassidut
estabelece uma característica básica: o líder da geração tem de existir
como uma alma dentro de um corpo físico. Assim, a função do nassí é
conectar o nível mais baixo de materialismo com a revelação mais elevada e
espiritual de Divindade. Só deste modo o nassí consegue transmitir as
influências da luz Divina e sublime de D’us para os judeus de carne e osso.
No caso em que a alma do nassí não se encontra em um corpo físico,
aprendemos daí que o nassí completou o seu trabalho de unir
materialidade e espiritualidade. Então chega a vez de o próximo nassí
viver como uma alma dentro de um corpo físico. Portanto,
quando Moshé Rabeinu faleceu, embora nossos sábios afirmem: “assim como ele
servia, também ele continua a servir”, e todas as qualidades sublimes que
Moshé teve depois da sua histalkut, até o ponto de “mais que em sua
vida”, ainda assim isto não é o bastante. Conseqüentemente, no dia em que
Moshé faleceu, Yehoshua assumiu o cetro da liderança. Por quê? O que
tem em Moshé Rabeinu que “não é o bastante”? Ele não continuou a servir
mesmo depois da sua histalkut, exatamente como fazia antes, e até mais
ainda? Porém, embora Moshé continuasse a servir a partir do momento em que ele
já não mais existia como uma alma dentro de um corpo físico, este não podia
ser um caso de “o líder da geração”. Assim, Yehoshua precisou sucedê-lo
e tornar-se o nassí. De modo semelhante, nós encontramos com Yehoshua e
todos aqueles que o seguiram; todo nassí continuou seu serviço depois
de seu falecimento. Porém, era imperativo existir um nassí vivo, uma
alma dentro de um corpo em sua interpretação mais literal, e ninguém mais além
dele seria aquele a liderar o povo judeu neste mundo físico. Até aqui todos
estão de acordo, e ninguém tem motivo para discutir. Assim tem sido durante os
últimos 3.315 anos desde Matan Torá [Outorga da Torá]. A PERGUNTA
CENTRAL De repente,
acontece Guimel Tamuz e surge a pergunta. Agora nós nos confrontamos com
a realidade que aparentemente contradiz toda a fundação conhecida como “um
Rebe”. Os doutores determinaram o que eles acharam com relação à vida física
do Rebe. É precisamente
aí que nasce a pergunta. Por um lado, a Torá estabelece que a geração
precisa ter um líder, corpo e alma juntos. Nesse caso, então, no momento em
que os médicos determinam que a vida física do líder da geração cessou, não
deveria o mundo ser destruído? Sim, de fato o mundo não foi destruído. Os
judeus continuam estudando a Torá, cumprindo as mitsvot e experimentando
um novo despertar de um desejo para servir Hashem com fé na eternidade da Torá
e de todas as questões Divinas, já que “não existe nada além d’Ele”.
De onde isto deriva? Além disso, em
Rosh HaShaná, Yom Kipur, Sucot, Pessach, etc., quem continua provendo a influência
necessária que o povo judeu precisa? De acordo com a Torá, tudo isso deveria
ter parado no momento em que eles anunciaram que o líder da geração deixou de
existir, corpo e alma. Nesse caso, é
necessário que o líder da geração continue vivendo eternamente como uma alma
dentro de um corpo físico, apesar do que nós vemos. Por outro lado, porém,
estamos diante de uma realidade totalmente diferente. Como estes dois fatos se
encaixam? Esta é a
pergunta principal, e todas as outras são secundárias que dela se originam. O
que é Guimel Tamuz? Representa o fim do conceito de um líder vivo da
geração ou de sua continuação eternamente, até a vinda de nosso justo
redentor, brevemente em nossos dias? Como tal, Guimel
Tamuz cria um conflito para cada chassid. Além disso, este é o ponto que
determina se alguém é um chassid: Guimel Tamuz o confunde? Gera dúvidas?
Guimel Tamuz deve fazer qualquer um chamado chassid de Lubavitch se
perguntar: como nos relacionamos agora com o líder da geração? Qualquer um que
não está confuso por Guimel Tamuz e simplesmente diz com indiferença
“Guimel Tamuz? Isto já passou; é o fim”, não é chassid. Este é
alguém que embarcou num bonde chamado Chabad-Lubavitch, conduzido por um rabino
grande e justo que ficava de pé distribuindo dólares por horas a fio, que fez
milagres e maravilhas sem-fim e recebia a todos, grandes e pequenos, com um
semblante sorridente, independentemente das diferenças de níveis de religião
ou origem. Um rabino maravilhoso! Muitas pessoas embarcaram neste bonde
Chabad-Lubavitch. Porém, quando este rabino interessante de repente não mais
se encontra no bonde, estas pessoas dizem: “Muito obrigado pela agradável
viagem que desfrutamos neste vagão, mas a estrada chegou ao fim. Esta bonita
história terminou em Guimel Tamuz”. Sobre estas
pessoas, não há nada o que falar; não são chassidim. Eu estou
falando sobre chassidim que, como conseqüência de Guimel Tamuz, ficaram
confusos, e agora querem tirar uma conclusão adequada sobre como lidar com esta
confusão. UMA “SOLUÇÃO
FÁCIL” É exatamente
aqui onde as opiniões começam a divergir. Uma opinião
sustenta que, com base nos fatos, nós temos de nos comportar como fazemos em Yud
Shevat(!) [dia do falecimento do Rebe Anterior, sexto Rebe de Lubavitch e
dia em que o Rebe atual assumiu a liderança do movimento Chabad-Lubavitch], já
que Guimel Tamuz é exatamente igual a Beit Nissan ou Yud Shevat
— nenhuma diferença. Ah, então nós
perguntamos a estas pessoas: E quanto ao fato de que é imperativo haver um líder
da geração como uma alma dentro de um corpo físico? Deixemos de lado o fato
de que outras correntes de chassidim nunca deram muita ênfase ao conceito de um
líder da geração. Elas interpretam uma histalkut como a conclusão de
um capítulo. Mas Lubavitch é diferente; toda a sua singularidade está em sua
fé no Rebe como Rosh Benei Yisrael. O que fazer então? “Isso não é
nosso problema”, eles respondem. “D’us criou o problema e Ele lidará com
os fatos que criou”. Quando é este
o resultado da confusão, as ramificações são que quando o conceito de um líder
da geração acaba, então há o conceito de Mashiach. Como resultado, não há
nenhum motivo para continuar com o ardor e a fé em Mashiach e no Rebe como
Melech HaMashiach que existiam antes de Guimel Tamuz. Tudo murchou; o que
resta são as coisas bonitas que o Rebe deixou: estudar Rambam, Chitas, as
Campanhas das Dez Mitsvot, um mar de inovações de Torá sobre uma
variedade de assuntos com os quais nós podemos continuar a viver, etc. (Porém, até
mesmo isto não resolverá todos os problemas. Imediatamente depois de assumir a
liderança de Chabad-Lubavitch, o Rebe declarou claramente qual é a sua tarefa:
atrair a Shechiná [Presença Divina] para este mundo físico e trazer
Mashiach na prática. Assim, todas as atividades que o Rebe realizou e todos os
programas que ele estabeleceu foram todos com um único propósito em mente:
trazer Mashiach — não no sétimo céu ou mesmo no sexto céu, mas aqui, neste
mundo físico. O ciclo anual de estudo do Rambam não é “apenas outra
ordem”. Nenhuma das Dez Campanhas de Mitsvot era “apenas outra mivtsá
[campanha]”. Cada mivtsá teve um objetivo central e importante na
preparação de todo o mundo para a revelação de Mashiach. Então, todas as
instruções que foram determinadas, sendo todas elas idéias bem-sucedidas, não
foram lançadas no tempo do Alter Rebe ou do Miteler Rebe. Assim foi porque
naqueles dias a tarefa do Rebe era diferente, e assim era a avodá. (Mas se Guimel
Tamuz é exatamente igual a Yud Shevat, então por que não
acrescentamos mais algumas campanhas? Por exemplo, por que não lançamos uma
Campanha de Tsitsit? Ou talvez algumas outras campanhas sobre outras mitsvot?
Por que apenas Dez Campanhas de Mitsvá, e não mais?) Esta é uma
forma de lidarmos com o assunto de Guimel Tamuz. Alguém que se relaciona
com Guimel Tamuz desta maneira não é nem um herege nem um apikores.
Também não é um pecador, mas um chassid de Lubavitch, para quem Guimel
Tamuz criou um pouco de confusão. Assim sendo, ele chegou a uma conclusão
do jeito que ele vê as coisas, i.e., Guimel Tamuz é Yud Shevat! Este é um
exemplo de chassidim que preferem confiar na visão popular da realidade, e para
quem o ponto de interrogação permanece sobre o que diz a Chassidut a respeito
do fato de que toda geração precisa ter um Rebe em um corpo físico. Há outro modo
de lidar com isso. A Torá determina que o líder da geração deve ser uma alma
viva em um corpo físico. O Rebe declarou que a nossa geração é a geração
da Redenção, Mashiach já começou a influenciar o mundo, nós estamos no
limiar de merecer a verdadeira e completa Redenção, etc. Já que nós somos
chassidim, acreditamos incondicionalmente nas sagradas palavras do Rebe. Nós não
aceitaremos nada que venha nos dizer sobre uma mudança de planos. Qualquer
tentativa de lançar uma dúvida em nossa pura fé será rejeitada
categoricamente. Só existe uma
realidade para nós: as palavras explícitas que ouvimos do Rebe MH”M. Nada
mais nos interessa além disso. Se o Rebe falou incessantemente nos mais
absolutos termos sobre o fato de que nossa geração é a geração da Redenção,
a geração que saudará nosso justo Mashiach, com almas em corpos, então quem
somos nós para pensar em contradizer o rei? Como podemos levar em conta o
pensamento que talvez nós realmente tenhamos de nos conduzir conforme a opinião
do mundo? Seguindo este
raciocínio, não pode haver absolutamente nenhuma comparação entre Guimel
Tamuz e Yud Shevat. Isto é assim porque outra coisa inteiramente
diferente foi declarada em Yud Shevat, i.e., que o Rebe da sexta geração
tinha completado o seu trabalho como uma alma dentro de um corpo, e agora chegou
a vez do Rebe da sétima geração. Porém, o Rebe MH”M anunciou que em nossa
geração a tarefa principal é trazer Mashiach literalmente neste mundo físico.
Mashiach já começou a influenciar o mundo, sua existência já foi revelada,
todos os assuntos pertinentes à Redenção estão prontos, etc. É possível
haver alguma realidade que alterará o papel do Rebe como o líder de nossa geração,
como Melech HaMashiach, de efetivamente trazer a verdadeira e completa Redenção?
Então,
enquanto a tarefa do nassí não tenha sido completada, embora estejamos
nos aproximando da verdadeira e completa Redenção a cada dia que passa, não
pode existir de forma alguma, de acordo com a Torá, o líder de uma geração
sem um corpo físico. Se o Rebe tivesse nos informado que houve uma mudança nos
planos e outro Rebe teria de trazer a Redenção, então Guimel Tamuz
realmente seria como Yud Shevat, e então aquele Rebe em um corpo físico
teria de começar o seu trabalho de trazer a Redenção. Porém, nós não
ouvimos nenhuma manifestação do próprio Rebe. Exatamente o contrário, o Rebe
afirmou explicitamente que a nossa geração é única, pois é a última geração
do Exílio e a primeira geração da Redenção, e que Mashiach já começou a
influenciar o mundo. Então, nós permanecemos eternamente leais às sagradas
palavras do Rebe e marchamos somente às suas ordens, não considerando nenhuma
outra realidade. (A verdade é
que a história está se repetindo agora. Entre os chassidim da geração
anterior havia aqueles mais velhos que estavam ligados de coração e alma com o
Rebe Rayats. Depois de Yud Shevat, quando o Rebe MH”M assumiu a liderança,
era muito estranho para eles terem de desenvolver uma hiskashrut [ligação]
com este jovem Rebe. Conseqüentemente, foi muito difícil eles aceitarem o Rebe
MH”M como Rebe, e assim eles continuaram com a sua hiskashrut com o
Rebe Rayats. Por mais que as pessoas explicassem a eles que, de acordo com Torá,
o Rebe tem que existir como uma alma viva dentro de um corpo físico e que a avodá
do Rebe Rayats tinha sido completada, e que havia agora outro Rebe em carne e
osso, eles simplesmente não conseguiram digerir o assunto. Eles não se
importavam em se conectar com um Rebe espiritual, cuja alma descansa no Céu; o
principal era que eles estivessem em paz com eles mesmos...) QUAL É A
DIFERENÇA? Para resumir:
por um lado, há a opinião da Torá incorporada nas sagradas palavras do Rebe.
Por outro, há a opinião do mundo, manifestada num estado de terrível confusão,
com muitas posições discrepantes. Uma opinião prefere apoiar a posição do
mundo, apesar do que diz a Torá, enquanto a outra opinião endossa a abordagem
da Torá apesar do que o mundo diz. Estas duas
opiniões contêm uma variedade enorme de conseqüências. Nós não as
listaremos todas, mas apenas uma como exemplo: Se nós
aceitamos como certo que Guimel Tamuz é igual a Yud Shevat, então
não há razão para que o 770 continue funcionando como Beit Rabeinu
SheBeBavel. Ao contrário, o lugar só poderia servir hoje como simplesmente
um museu sagrado que lembra aos seus visitantes aquela adorável época na qual
o Rebe estava conosco, semelhante à casa do Rebe Rashab em Rostov. Pois com
todas as virtudes elevadas e especiais que o 770 seguramente possui (a santidade
não abandona o seu lugar, etc.), não obstante, nós nunca ouvimos que os
chassidim fizessem questão de viajar para passar Tishrei na casa do Rebe
Rashab, em Rostov, para receber força renovada para o ano seguinte. Porém, se nós
continuarmos acreditando nas palavras do Rebe, então nós sabemos que é muito
importante viajar especificamente para o 770 para Tishrei. Toda a razão pela
qual os chassidim sempre tentaram passar Tishrei com o Rebe era para estar ao
lado do líder da geração. Eles queriam receber e estar cercados pela sua
influência espiritual especificamente durante os toques do shofar em
Rosh HaShana, as orações de Yom Kippur, e os naanuim [movimentos feitos
com as Quatro Espécies] em Sucot. Um chassid sempre soube que ele vem com a sua
própria yechidá [nível mais elevado da alma] e sente a sua revelação
quando ele está sob a proteção da yechidá geral. Os chassidim nunca
fizeram questão de passar Tishrei em um lugar — mesmo sagrado e sublime —
se a yechidá geral não estivesse lá. Os chassidim
que preferem acreditar nas sichot vêm para Tishrei ao Beit Rabeinu SheBeBavel — 770, não
para recordar a glória de dias passados na casa onde o Rebe estava. Ao contrário,
eles partem com uma absoluta fé de que o Rebe está junto conosco, rezando
conosco, fazendo farbrenguen conosco — no presente. Sendo assim, há
motivos para vir para Tishrei, há motivos para ir para a kevutsá,
porque nós vivemos com a fé de que tudo permanece sem qualquer mudança. O Beit Rabeinu SheBeBavel não se
transferiu para outro lugar. Continua e continuará sendo o eterno lugar do
eterno nassí. Nós estamos do lado das sichot! AGORA NÓS
TEMOS QUE PROSSEGUIR JUNTOS Independentemente
de como uma pessoa se relacione ao dia de Guimel Tamuz, cada chassid
deveria aproveitar a oportunidade para fortalecer a sua hitkashrut com a
Árvore de Vida — o Rebe MH”M — e aumentar em seu amor pelo irmão judeu e
maior união entre todos os judeus. Não pode haver maior tributo ao nassí
do que simplesmente nós sabermos entender um ao outro. Não há nenhum herege
ou louco entre os nossos! Só há chassidim, cada um tem o direito de pensar
como ele deseja conforme a difícil situação e grande confusão que prevalecem
hoje. Acima de tudo,
a coisa mais importante é sempre lembrar que todos nós somos chassidim, filhos
de um pai, e só existe uma coisa pela qual todos nós ansiamos: Nós queremos
ver nosso Rei! Isto é expresso em hebraico pela declaração “Yechi Adoneinu”, em iídiche por “Venizkê zen zich”, etc. — e todas
elas têm a mesma intenção. Não há motivo para que, se expressarmos “Yechi” em idiomas diferentes, isto
acabe em discussão. Isso parece a
história do jovem casal que foi até um rabino com um pedido estranho. O
primeiro filho deles tinha acabado de nascer e eles já queriam um divórcio.
Por quê? A esposa insistia que a criança recebesse o nome do pai dela, que era
um grande rabino e brilhante erudito da Torá. Porém, o marido exigia que o seu
filho fosse chamado pelo pai dele, que, embora fosse simplesmente um cocheiro,
também era um judeu simples, honesto, que sempre se conduziu com a máxima modéstia.
Uma terrível discussão começou entre eles na noite anterior ao brit-milá
da criança, e nenhum lado estava disposto a ceder. Como resultado, eles concluíram
que a única solução viável seria o divórcio. O rav ouviu em
silêncio os requerentes, pensou por um momento, e então propôs uma idéia
brilhante. Ele se virou para o marido e perguntou: “Diga-me, qual era o nome
de seu falecido pai?” “Meir”, o
marido respondeu. “E qual era o nome de seu pai?, ele perguntou à esposa.
“Meir”, ela respondeu categoricamente. O rav
sorriu e disse: “nesse caso, não há nenhum problema. Eu tenho uma solução
que lhes trará uma vida feliz. Chame o filho Meir. Se ele crescer para ser um
erudito da Torá, ele será nomeado pelo pai da sua mãe, e se ele crescer para
ser um judeu simples e honesto, ele será nomeado pelo pai do seu pai”. Isto talvez soe
um pouco tolo, mas às vezes nós vemos que é isso o que está acontecendo
conosco. Nós discutimos e discutimos, mas todos chegamos à mesma conclusão: Nós
queremos ver nosso rei! Yechi Adoneinu Moreinu VeRabeinu Mélech HaMashiach Leolam Vaed.
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