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45 — REUNIÃO

A promessa da Redenção ocorre em Deuteronômio. Lá se declara que “o Senhor, vosso D’us, fará retornar os exilados e terá compaixão de vocês, e de novo os reunirá de todas as nações onde o Senhor, seu D’us, os espalhou. Mesmo que os dispersos dentre vocês estejam nas mais remotas partes do mundo, de lá o Senhor, seu D’us, os trará para a terra que os seus ancestrais herdaram e vocês a herdarão e Ele lhes fará bem e aumentará o número de vocês acima do de seus antepassados”.

Rashi, o mais famoso e importante de todos os comentaristas bíblicos, explica que esta passagem especifica que todo e qualquer judeu será redimido individualmente. Ou, para citarmos Rashi, “Ele Literalmente pegará pela mão cada pessoa e reunirá os filhos de Israel um por um”.

Esta promessa de Redenção — e a maneira como ela acontecerá –resulta diretamente da própria causa da Redenção. Pois, no fim, o povo judeu fará teshuvá, isto é, eles retornarão a D’us. Na verdade, um dos sinais de que o exílio está se aproximando do final é que cada pessoa, todas as pessoas, farão teshuvá, isto é, retornarão a D’us.

Portanto, a Redenção precisa ocorrer numa base individual, uma pessoa de cada vez, por assim dizer, pois a teshuvá, o retorno a D’us — de que depende a Redenção — é uma experiência pessoal, individual.

É interessante notar que há um outro surpreendente resultado de tudo isso: mesmo os mais perversos, e mesmo aqueles que, materialmente satisfeitos, não queiram sair do exílio — mesmo estes serão incluídos na Redenção. Pois D’us despertará dentro deles — dentro dos maus e dentro dos que se sentem confortáveis — teshuvá. Tendo aberto seus corações, suas mentes, suas almas, tendo se dedicado à observância das mitsvot — os mandamentos — eles, também, por necessidade, experimentarão a Redenção.

Na verdade, isto é o que Isaías profetizou quando declarou que, “Naquele dia soará o grande shofar, e virão aqueles perdidos nas terras da Assíria e aqueles párias na terra do Egito e eles se prostrarão diante do Senhor no monte sagrado de Jerusalém.

Que mesmo os perversos experimentarão a Redenção pode-se ver da Hagadá de Pessach também. Lemos na Hagadá — a narrativa do Êxodo do Egito lida no Sêder de Pessach — sobre os quatro filhos, um dos quais era mau. Cada filho faz uma pergunta sobre o Êxodo. Na resposta a este filho mau, a Hagadá explica que, “se ele, o filho mau, estivesse no Egito, ele não teria sido redimido”.

À primeira vista, esta resposta parece não fazer sentido: qual o propósito ou necessidade de dizer ao “filho mau” algo de irrelevante ao Sêder, que é levado a efeito para lembrar o êxodo do Egito? A maldade do filho — o que teria acontecido a ele — não parece dizer respeito a esta pergunta sobre rememoração do que realmente aconteceu.

A explicação, no entanto, vem da própria natureza da Redenção: D’us pegando pela mão de todo e cada judeu, individualmente e pela mão — mesmo os maus. Pois a intenção da afirmação de que caso o filho mau “tivesse estado no Egito, ele não seria redimido”, é a de rejeitá-lo. Em vez disso, a intenção é exatamente o contrário: a resposta específica que somente , no Egito, ele não teria sido redimido. Mas na futura Redenção, visto que ela ocorrerá após ter sido dada a Torá, o filho mau também será redimido. Pois tal foi o miraculoso efeito da outorga da Torá: quando o Santo, abençoado seja Ele, disse, “Eu sou o Senhor seu D’us”, Ele empregou o singular, dizendo “seu” para ensinar a cada judeu individualmente e a todos, infundindo assim a Divindade em todo e em cada judeu.

Devido a esta Divindade inata, cada judeu, não importa se mau, como o filho mau do Sêder de Pessach, experimentará a Redenção, quando Mashiach vier.