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Qual a conexão entre uma grande perda, um trágico evento e a verdade eterna da Torá? Quando estamos feridos, claro que precisamos primeiro aliviar a dor física; quando nos lamentamos, precisamos permitir que a agonia, o grito incompreendido, se manifeste. Mas quando recobramos controle sobre nós mesmos, quando nossa mente redesperta, como estava, e precisamos examinar o porquê de tudo, dar um sentido ao sofrimento, colocar em perspectiva nossas reações emocionais e físicas — nossas reações animais — então podemos perguntar: o que me diz a Torá?

Há uma história sobre o Rebe, quando ele era criança. Como era comum na Rússia no início do século vinte da era comum, houve um pogrom na aldeia em que o Rebe vivia. Depois, o professor do Rebe lhe contou que havia encontrado uma indicação no Talmud relativa àquele particular pogrom. Anos depois, o Rebe recontou o incidente e perguntou — que consolo dava a descoberta do professor? Descobrir o pogrom indicado quase dois mil anos atrás pode mostrar o brilho ou a percepção dos rabinos, mas não muda o que aconteceu. Um pogrom sempre é um pogrom. Mas, explicou o Rebe, quando um judeu constata que a Torá já descreveu o que está ocorrendo, isto lhe mostra que há um propósito por detrás dos acontecimentos do mundo. As coisas não acontecem aleatoriamente — por mais difícil que seja compreendê-las, por mais doloroso que seja suportá-las: a Torá nos revela e nos tranqüiliza quanto à realidade interior da Divina Providência.

Quanto a isto, podemos considerar algumas palavras do Rebe no período que se seguiu ao falecimento de seu antecessor. O Rebe disse que a força espiritual de seu sogro fluía para nosso mundo mediante o chassidismo, e que essa força continuava a fluir mesmo agora, sem qualquer mudança. Também em nós, o Rebe continua, não há mudança; não se deve pensar — D’us não o permita — que o Rebe Anterior não está mais conosco.

Aqueles que conheceram o Rebe Anterior durante seus trinta anos de liderança, sabem que ele não abandonaria seus Chassidim; ele não os deixaria sozinhos.

A única mudança é que, no passado, se poderia pensar que, quando alguém se encontrasse com o Rebe, alguém poderia lhe dizer o que queria e ocultar do Rebe outras coisas. Mas agora, porém, deveria ficar claro que quando alguém se comunica com o Rebe, não pode haver os assim chamados pensamentos ocultos, já que a comunicação é completamente espiritual.

Ademais, visto que após o seu falecimento um tsadic é encontrado em todos os mundos mais do que quando estava fisicamente presente, isto significa que mesmo no mundo físico propriamente dito, sua capacidade de guiar, de influenciar, de despertar misericórdia — e particularmente sobre aqueles que dele estavam próximos — é agora ainda mais forte e mais poderosa.

Assim como, por conseguinte, até agora esperamos que o Rebe nos conduza para saudarmos o justo Mashiach — tem de ser o mesmo agora.

E o que aconteceu afeta tão-somente nossos olhos de carne e é apenas um teste, um dos testes das dores de parto de Mashiach, um prelúdio necessário para a vinda do justo Mashiach. Assim como com todos os testes, ele oculta e cobre a verdade.

E, como acontece com todos os testes, a intenção por trás dele é que nos fortaleçamos, fiquemos firmes e superemos o teste, assim repelindo e negando todos os ocultamentos e disfarces, e revelando a verdade.

Assim sendo, fortalecendo nossa ligação por meio do estudo da Torá do Rebe e pelo cumprimento de suas diretivas — sejam elas pedidos em público ou instruções individuais — nós mereceremos ver imediatamente o Rebe com nossos olhos de carne e sangue — e o próprio Rebe nos conduzirá à Redenção.

Estas palavras, que o Rebe proferiu com relação a seu sogro, claramente se aplicam, agora, ao próprio Rebe. Possam elas cumprir-se imediatamente.