“Façam soar o grande Shofar”

Associamos o shofar com Rosh Hashaná; seu som assinala o começo de um novo ano. Mas o shofar também introduzirá a era de Mashiach. Como recitamos na prece diária: “Façam soar o grande shofar por nossa liberdade, ergam uma bandeira para reunir nossos exilados, e juntem-nos de todos os cantos da terra em nossa terra”.

Qual é a ligação entre Rosh Hashaná, liberdade e Mashiach? Como o shofar exprime esta ligação?

Ao descrever os três serviços especiais de Rosh Hashaná, nós recitamos os versículos bíblicos que descrevem D’us, como nosso Rei. Recitamos também versículos que falam da Lembrança de D’us para nos servir como um lembrete de que devemos ser lembrados para o bem; mas a maneira de realizarmos tudo isso é mediante o Shofar.

Assim, quando fazemos soar o shofar em Rosh Hashaná, aceitamos D’us como nosso Rei. Quando aceitamos D’us como nosso Rei, então seremos lembrados para o bem. Como é que o Shofar liga o Reinado de D’us ao nosso bem-estar? Em essência, o Talmud fornece uma resposta para esta pergunta, quando explica que o shofar precisa ser feito de um chifre de carneiro — pois um carneiro foi sacrificado em lugar de Isaac. Soar o shofar — o chifre de carneiro — indica nossa disposição de nos sacrificarmos — como Isaac estava disposto a ser sacrificado — para santificar o nome de D’us.

A constante prontidão de um judeu para o auto-sacrifício declara D’us como Rei. Pois, anulando nossa importância, negando nossas idéias e teorias, para cumprirmos os mandamentos de D’us, estamos estabelecendo um relacionamento; submetendo-nos completamente à vontade de D’us, tornamo-nos submetidos a Ele, e O coroamos como nosso Rei. Em troca, D’us derrama sobre nós cuidado e benefícios, sustenta-nos como um sábio e dedicado governante mantém seus súditos.

Que é que isto tem a ver, então, com a liberdade? Com Mashiach?

Liberdade, lógico, significa escolher não por uma razão de necessidade — porque então agimos com base na razão ou na necessidade e não temos livre-arbítrio. Em vez disso, liberdade significa ser capaz de escolher simplesmente como um ato de vontade — decidir, entre escolhas iguais, simplesmente porque se quer. Ironicamente, então, somos mais livres quando mais nos dedicamos, quando mais mostramos nossa disposição para o auto-sacrifício. Isto porque, na medida em que minhas supostas razões ou as necessidades de que me dou conta, ditam o meu agir, não sou livre, mas escravizado pelas exigências de meus apetites e minhas percepções.

Assim, quando recitamos “Façam soar o grande shofar por nossa liberdade”, estamos orando para que sejamos capazes de optar por D’us com a mesma liberdade com que Ele nos escolhe; que todas as razões externas, como necessidade, medo, ignorância, sejam removidas. O grande shofar deve eliminar as barreiras inerentes à nossa natureza física. Então, naturalmente — e livremente — escolheremos preencher nossas vidas com o conhecimento da Divindade e com o cumprimento de Seus mandamentos.

Nesta ocasião, por certo, teremos o tempo de Mashiach. Então, a autêntica liberdade só virá com Mashiach, com nossa submissão aberta e total à vontade de D’us. E naquela época, a benevolência de D’us fluirá para todos, abertamente e livremente.