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ALEGRIA

Simchá — alegria — em sua forma mais autêntica e completa só pode ser experimentada através de Mashiach, pois a Redenção que ele trará não só anulará as limitações, como realmente transformará o indesejável em bom, ampliando e fortalecendo nossa alegria. Na verdade, dizem-nos os sábios que no tempo de Mashiach a tristeza será transformada em regozijo, os dias de jejum, como Tishá Be’Av, em dias de festejo e celebração.

De fato, as letras da raiz da palavra “alegria” — Simchá — são também as letras que formam a palavra Mashiach.

Mas o que é Simchá — esta alegria? E por que a mais elevada Simchá está ligada a Mashiach?

Diz-nos o Salmista para “servir a D’us com alegria”. Qual, então, é a conexão entre alegria e serviço? À primeira vista, as duas palavras parecem ser contraditórias.

Serviço — Avodá, em hebraico — significa fazer não o que eu quero fazer, mas cumprir as exigências, atendendo às necessidades de outrem. A psicologia moderna confirma a antiga sabedoria da Torá: nosso maior senso de realização, os mais profundos sentimentos de satisfação advêm da realização de uma tarefa para alguém mais, algo que a outra pessoa desejava e pode apreciar. O antídoto mais eficaz para a depressão — que é o oposto de alegria — é deixar para trás o eu e dar atenção a alguém mais.

E que tipo de alegre serviço podemos prestar a D’us? Uma mitsvá. Realmente, a própria palavra “mitsvá” exprime os duplos conceitos de alegria e serviço. Pois, por um lado, significa “mandamento”, e fazer uma mitsvá significa obedecer aos mandamentos de D’us. Por outro lado, significa “ligação”, e, assim, fazer uma mitsvá exprime nossa devoção para com D’us, nosso prazer em nosso relacionamento com D’us.

Podemos agora começar a compreender a íntima conexão entre Serviço — Avodá — e Alegria — Simchá. Devemos ter forte desejo de observar as mitsvot e de aprender a Torá. Compreender que nosso serviço cumpre a vontade de D’us, exprime nossa vinculação essencial com a Divindade, com certeza desperta o maior deleite e a mais profunda satisfação — a verdadeira alegria.

Mas por que Simchá — a Alegria — está mais particularmente ligada a Mashiach? Visto que a Torá predisse nosso exílio por não termos servido a D’us com alegria e de coração jubiloso, segue-se que nossa Redenção, a vinda de Mashiach, depende de um nível de alegria, um tipo de Simchá, não atingido pelas gerações precedentes. À primeira vista, isto não faz sentido. Com certeza, em gerações anteriores, especialmente aquelas que tiveram o privilégio de construir o primeiro e o segundo Beit HaMicdash, os primeiros dois Templos em Jerusalém, serviram a D’us com alegria, regozijando-se com a oportunidade de cumprirem mitsvot, estudaram a Torá com alegria.

Contudo, nas gerações precedentes, a ênfase estava no serviço propriamente dito — a Avodá tinha de ser com alegria. Em outras palavras, Simchá era a maneira de realizar o serviço, era como se podia cumprir os mandamentos. Mas Simchá, a alegria, não era um fim em si mesmo.

Agora, porém, nos tempos que antecedem Mashiach, a ênfase está na alegria em si mesma. Em vez de se ressaltar a alegria do serviço, por assim dizer, agora devemos nos concentrar no serviço de alegria — uma Simchá pura, pelo que ela é. Adicionar Simchá a Simchá, alegria a alegria irrestrita, trará Mashiach, apressará e acelerará sua aparição.

Não obstante, poderíamos perguntar, na presente escuridão e exílio, com todos os problemas do mundo, será que podemos alcançar esta alegria? Será possível uma Simchá como esta, será até adequada?

Sentir alegria não significa ignorar os problemas e dificuldades; simplesmente coloca-os em perspectiva. Visto que Mashiach precisa vir, e precisa vir também todo o bem que se espera — a paz universal, a abundância de bênçãos materiais, o mundo dedicado ao conhecimento da Divindade — como é que não se pode ficar jubiloso? Com certeza o simples fato de se reconhecer que Mashiach precisa vir nos dá força para termos alegria em nosso coração, aumenta o excitamento, o prazer da antecipação.

Nossa Simchá exatamente num tempo de exílio e escuridão, mostra nossa confiança em D’us. Esperamos, todo dia, antecipando, animados — cheios de alegria e Simchá sem limites, porque logo Mashiach estará aqui.