Ad Matai! Editoriais Matérias Opinião Histórias Links Expediente Email

17 — MITSVOT

Quando Mashiach vier ainda teremos mitsvot?

A palavra “mitsvá” significa um mandamento, uma lei, uma expressão da vontade de D’us. Cumprindo um mandamento em todos os seus detalhes, nós fazemos o que D’us quer, ou seja, trazer a Divindade para dentro do mundo. Quando Mashiach vier, no entanto, o mundo todo se encherá do conhecimento da Divindade, assim como as águas cobrem o mar. Então, qual a razão de realizarmos uma mitsvá? A qual propósito isto servirá?

Nachmânides, talvez o maior místico e comentador bíblico medieval, explica que tudo que fizermos antes de Mashiach vir é um preparativo para o modo como a mitsvá será cumprida depois de ele vir. É a razão pela qual, em nossas preces, pedimos a D’us redenção e uma restauração do Templo. Somente então poderemos cumprir as mitsvot de acordo com a vontade de D’us, isto é, da maneira certa, como D’us quer, sem concessões ou restrições.

Agora, infelizmente, devido às muitas distrações da vida, as buscas necessárias e as diversões triviais, não observamos os mandamentos com uma compreensão completa do significado deles ou com uma plena percepção de seu efeito, fisicamente e espiritualmente. Depois que Mashiach vier, porém, não só serão removidas as restrições à nossa capacidade de realizarmos as mitsvot, mas será clara e certa nossa compreensão de seu propósito e valor.

Maimônides diz algo parecido. Ele escreve que o objetivo de Mashiach é restaurar as mitsvot — os mandamentos — à sua glória original. Mashiach restaurará tanto a quantidade como a qualidade das mitsvot, de forma a que elas venham a ser observadas como eram antes de o Templo ser destruído e o povo judeu ser conduzido ao exílio. Por ora, não podemos observar todas as 613, e nosso desempenho quanto àquelas que podemos observar é limitada e restrita. Mas Mashiach mudará isto.

Na verdade, umas das qualificações de Mashiach é que ele se dedique total e completamente às mitsvot. Em sua própria vida, Mashiach nos mostrará como cumprirmos completamente e totalmente os mandamentos. Longe de carecerem de importância, as mitsvot se tornarão mais puras, mais sagradas.

Então, por que o Talmud diz que, quando Mashiach vier, não haverá mais nenhuma festividade, com exceção de Purim e Yom Kipur? Será que isto não sugere que algumas observâncias serão, no mínimo, anuladas?

Podemos responder a isto com uma simples analogia: uma vela acesa à luz do Sol propicia iluminação, mas é de tal forma suplantada pelo Sol, que sua luz é quase invisível e quase totalmente irrelevante. Da mesma maneira, a luz de Mashiach, e os “novos” festivais que serão estabelecidos com a sua vinda, como a transformação de Tishá Be’Av, o dia em que o Templo foi destruído, numa festividade — esta luz se porá acima da luz de todas as demais festividades.

Podemos entender melhor o relacionamento entre as mitsvot e Mashiach olhando mais de perto a palavra “mitsvá” propriamente dita. Ela significa “mandamento”, mas também significa ligação. Implica alguém que ordena e alguém que recebe ordem, e a vinculação entre ambos. Quer dizer, quem ordena — D’us — diz ao que recebe a ordem — o povo judeu, que parece ser uma entidade separada, independente — como adequar sua vida à Sua vontade. Assim procedendo, um vínculo, um relacionamento de ligação, uma unificação com D’us, terão sido alcançados.

Com a vinda de Mashiach, particularmente, nos estágios mais avançados, compreenderemos que não somos uma entidade separada, independente. Veremos e sentiremos a conexão inata com D’us, a alma Divina dentro de cada judeu. Hoje, as mitsvot são cumpridas por serem mandamentos; significa isto que mesmo que tenhamos submetido nossa vontade à Sua vontade, ainda parece que temos uma certa independência para com D’us. Mas Mashiach revelará a natureza eterna das mitsvot em níveis cada vez mais profundos, não como algo externo a nós, mas como parte de nós. Então, cumprir uma mitsvá, durante os tempos de Mashiach, será natural, automático, porque todos os nossos pensamentos, todas as nossas palavras, todos os nossos atos, não serão outra coisa senão uma expressão da vontade de D’us.