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14 — FALSOS MESSIAS

Como podemos identificar o verdadeiro Mashiach, tendo já havido tantos falsos Messias?

É uma velha pergunta. Vamos abordá-la perguntando como é que as pessoas, os rabinos e os sábios de tempos anteriores fazem a distinção entre o verdadeiro profeta e tantos outros falsos.

A profecia tem sua origem para além da razão humana. Uma percepção mística, não lógica, compele o verdadeiro profeta a falar. A profecia não é meramente a predição do futuro, mas a revelação da Vontade de D’us. Ela expressa o que D’us espera, como Ele vê Seu relacionamento com o povo judeu — e toda a criação. Portanto, isto como que subjuga o limitado intelecto dos seres humanos.

O maior dos profetas, lógico, é Moisés e a revelação definitiva da Vontade de D’us é a Torá. A própria Torá explica quais preceitos devem ser seguidos; a própria Torá nos conta como cumprirmos os mandamentos; a própria Torá ensina quando e como aplicar seus princípios e procedimentos.

Portanto, qualquer pessoa que negue a verdade da Torá — não importa quão carismática, quão aparentemente espiritual, quão brilhante ela seja — não pode estar exprimindo a Vontade de D’us. Quem quer que tente desviar o povo judeu das mitsvot — os mandamentos — qualquer mandamento — deve ser um falso profeta.

A Torá e os sábios advertiram o povo judeu contra os logros, exortando-o a não substituir a obediência à Torá pelo carisma dos charlatães, a observância das mitsvot pelas promessas vazias dos impostores. Aqueles que se sentiram presa das tentações de um falso profeta, fizeram-no não por causa da tradição judaica, mas a despeito dela.

Então, o primeiro teste de um profeta era seu compromisso para com a Torá e as mitsvot.

Se este era um verdadeiro profeta, quanto mais não deve sê-lo Mashiach que, por definição, é a pessoa que mais completamente observará a Lei Judaica e que mais encorajará e motivará os demais a elevarem sua prática de mitsvot até o mais alto nível.

O primeiro teste de qualquer líder judeu, seja profeta, sábio ou rei, é e deve ser o compromisso com a Torá e mitsvot. Somente alguém que for totalmente dedicado, completamente, a todos os mandamentos, com todos os seus detalhes, como explicado pelos eruditos e líderes judeus durante três mil anos, pode ser considerado um Mashiach em potencial.

Ao longo de sua história, o povo judeu rejeitou firmemente todos os que tentaram abolir, substituir, restringir ou reduzir a Lei Judaica. Os falsos messias puderam temporariamente desencaminhar somente o ignorante, o desesperado ou aqueles que, devido à natureza primitiva das comunicações, não tinham toda a informação sobre o verdadeiro caráter dos falsos messias.

Infelizmente, alguns, assustados com as conseqüências dos falsos messias, tentaram ignorar ou, mesmo, eliminar o papel central e fundamental de Mashiach no Judaísmo. Esta abordagem, que paralisa todo crescimento, inibe a compreensão e solapa todos os esforços para fazer o bem, transforma um engano numa ilusão.

Em vez disso, devemos responder aos falsos messias, seja no passado próximo ou remoto, de um modo amadurecido, estudando as fontes judaicas, aprendendo as Leis Judaicas relativas a Mashiach, de forma a estarmos preparados não somente para rejeitar o falso, mas também para reconhecer o verdadeiro.

Mas por que D’us permite que existam falsos messias? Explica Maimônides que o conceito de Mashiach, de Redenção, é extremamente difícil de compreender, que o mundo em geral necessita ser preparado para não ser como que esmagado pela revelação da Unidade de D’us. Assim sendo, mesmo os falsos messias, sem o quererem, são um passo para o cumprimento do plano de D’us, eis que eles introduziram a idéia de Mashiach, tornando-a familiar para todos; quando Mashiach realmente vier, o mundo inteiro será capaz de distinguir entre o real e o imaginário.