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13 — REALIDADE VIRTUAL

O que é que tão difícil, quanto a acreditar em Mashiach?

Muitas pessoas admitem que acham dificuldade em aceitar que necessitamos de Mashiach, ou acham difícil acreditar que em breve ele virá. Depois de toda a leitura, palestras, fax, discussões e depois de muito estudar, mesmo sabendo que Mashiach é, como explica Maimônides, um princípio fundamental do Judaísmo — mesmo depois de tudo isso, ainda é difícil aceitar e acreditar.

Por quê? Que há, a respeito de Mashiach, que o torna um conceito mais difícil do que Shabat ou Cashrut ou qualquer outra mitsvá?

Qualquer um que tenha jogado os últimos videogames, ou se mantém em dia com a tecnologia dos computadores, ou esteve num simulador de vôo, conhece a resposta: os cientistas a denominam de “realidade virtual”, e isto significa, simplesmente, pensar, sentir, acreditar que você está num lugar em que você não está. A Realidade Virtual é uma grande ferramenta para os cientistas, permitindo-lhes imaginar e recriar as condições noutro planeta ou dentro do corpo; a Realidade Virtual é um valioso recurso de treinamento, permitindo que os pilotos e outras pessoas aprendam suas habilidades, cometendo os erros necessários ao aprendizado — sem conseqüências desastrosas. A Realidade Virtual pode ser também uma grande diversão para os fãs de videogames, propiciando-lhes um nível de excitação incomparável, mas seguro.

Mas a Realidade Virtual não é real.

Nem o é a Galut — exílio. O salmista sabia da Realidade Virtual. Só que ele a cognominou com o nome de algo com que a maioria de nós tem familiaridade — um sonho. “Quando D’us retornar a Sião, compreenderemos que éramos todos como sonhadores”.

A Galut é um sonho — que nos vicia, que nos ilude, é falsa.

Qual é a natureza de um sonho? Quando sonhamos, não estamos em contato com a realidade. Na verdade, não vemos a verdadeira natureza de nada, mas somente distorções, aberrações, fragmentos ilusórios da verdade. E, significativamente, quando estamos adormecidos, mergulhados em nossos sonhos, a última coisa que queremos é sermos acordados, especialmente de um sonho aparentemente prazeroso.

Portanto, precisamos de Mashiach. Precisamos da Redenção, a verdadeira realidade, “quando o conhecimento de D’us encherá o mundo como as águas cobrem o mar”. Precisamos que Mashiach nos desperte, que ele desligue o simulador, tire as viseiras de nossa Realidade Virtual, e que ele nos mostre a realidade que não víamos porque estávamos demasiado adormecidos para percebê-la — a realidade de que a Divindade preenche o mundo.

A Galut — exílio, é como uma prisão, e um encarceramento que nos dessensibiliza, de forma que não sentimos que o jeito como as coisas são, não é como elas podem ser, ou devem ser.

Diz-nos a psicologia que as pessoas raptadas ou presas, se assim ficarem tempo suficiente, começam a se identificar com seus captores. O refém acostuma-se com a situação, começa a sentir que deve sua vida a quem o mantém preso ou raptado, quem o alimenta, dá-lhe abrigo e que pode matá-lo de uma hora para outra, por capricho. As pessoas mantidas em cativeiro começam a negar o valor da liberdade, ficam relutantes quanto a deixarem seu local de cativeiro mesmo quando a vida que lá desfrutam não é lá tão boa. Em vez de se darem conta das restrições e ameaças do seqüestrador, este passa a ser visto como aquele que dá as recompensas. A vítima não pode pensar em ir para qualquer lugar. Na verdade, a perspectiva de se ver livre, independente das ameaças do outro, põe pouco à vontade o prisioneiro, até o atemoriza. Ele não quer isso, e tem de ser conduzido pela mão e é preciso lhe mostrar como apreciar — de novo — a verdadeira liberdade.

Galut — exílio — é o mesmo: uma prisão para o povo judeu. Crescemos habituados a condições em que éramos submetidos a outros governantes, a outras forças. Preferimos até enfrentar as dificuldades do que Hashem, com o receio de que com Ele não teremos a segurança que ora temos, sonhando que a ilusão é real.

Mas quando Mashiach vier, conheceremos a verdade, seremos capazes de distinguir entre o sonho e a consciência, uma simulação da realidade e a realidade propriamente dita.

Fomos — e ainda somos — como sonhadores. Mas Mashiach vem vindo para nos acordar.