Home Editoriais Matérias Opinião Histórias Links Expediente Email

We Want Mashiach Now!

Ad Matai!

Pegando o Trem

KFAR CHABAD (ISRAEL) — Rabino Levi Yitzchak Ginsberg.

Ao nos aproximarmos do grande e sagrado dia de Guimel Tamuz, eu gostaria de compartilhar duas histórias relacionadas a estes momentos finais antes da hitgalut [revelação] do Rebe Melech HaMashiach. Você pode tê-las ouvido antes, mas certamente merecem repetição.

A primeira história eu ouvi de duas fontes, o falecido mashpia, Reb Mendel Futerfas, e Reb Refael (“Folye”) Kahan, autor de Shmuot Ve’Sipurim:

Como é conhecido, a prisão do Rebe Rayatz começou no dia 15 de Sivan de 5627 (1927) e durou até 3 de Tamuz daquele ano. Guimel Tamuz foi estabelecido mais tarde (pelos chassidim, não pelo Rebe) como um dia de agradecimento e para se tomar boas resoluções. A cronologia dos eventos foi a seguinte:

Em Guimel Tamuz, o Rebe Rayatz partiu para Kastrama. Em Yud Beit Tamuz, ele foi notificado oficialmente de que poderia retornar para casa. No dia seguinte, Yud Guimel Tamuz, ele foi de fato libertado. O Rebe voltou a Petersburg (Leningrado) no 15o dia do mês e recitou a bênção de HaGomel.

Vários dias depois, porém, ficou claro que era muito perigoso para o Rebe permanecer em Petersburg. A seção local do G.P.O. em Leningrado ainda não tinha se conformado com a libertação do Rebe, a Yevsektziya queria sangue, e os jornais estavam repletos de artigos que denunciavam o “contra-revolucionário Schneersohn”.

Naquele momento, o Rebe seguiu para Malachovka, uma pequena cidade perto de Moscou, para se recuperar de tudo o que vinha sofrendo. Ele deixou instruções explícitas para que o seu paradeiro fosse mantido em segredo. Ninguém, com a exceção de uns poucos indivíduos, o seguiriam até Malachovka. Cada minuto passado pelo Rebe na Rússia significava que ele ainda corria perigo.

Enquanto isso, havia muita pressão internacional sobre o governo russo para deixar o Rebe sair do país. Finalmente, todos estes esforços deram frutos, e o Rebe recebeu permissão para deixar a União Soviética. Quando ele declarou que não partiria sem todos os seus escritos e livros, recebeu permissão para levá-los.

Pouco antes de Sucot, soube-se que o Rebe estaria partindo logo depois de Simchat Torá, em Isru Chag. Os chassidim ficaram alegres e arrasados: alegres pela libertação do Rebe, mas angustiados pelo pensamento de serem “abandonados”. Era um tempo particularmente terrível na União Soviética, e a perseguição contra os judeus era implacável. Os chassidim tiravam forças e encorajamento da presença do Rebe; como eles poderiam continuar sem ele? Pela ordem natural das coisas, as chances de verem novamente o Rebe eram nenhuma. Naqueles dias a Cortina de Ferro era hermeticamente fechada, e não havia comunicação com o mundo externo.

Assim sendo, a Festividade prestes a ocorrer seria a última oportunidade para estar junto com o Rebe. Como não deveria deixar de ser, um grande número de pessoas concentrou-se em Leningrado para Sucot e Simchat Torá.

O Sichot Codesh do Rebe Rayatz daquele Simchat Torá pode ser encontrado no Sêfer HaSichot 5688. Há uma sichá dirigida ao Anash, uma para os alunos da yeshivá, uma para a administração da yeshivá, etc. No entanto, todas compartilham um tema comum. E apesar do fato de que a frase aparece uma ou duas vezes na versão impressa, segundo aqueles que estavam presentes, o Rebe pronunciava uma determinada frase repetidamente: “M’darf zich zehen, m’muz zich zehen, un m’vet zich zehenNós precisamos nos ver, nós devemos nos ver, e nós vamos nos ver”.

Os chassidim ficaram eufóricos por esta declaração explícita. De acordo com a ordem natural, poderia ser impossível, mas o Rebe tinha prometido que eles se veriam novamente! Os seus corações se tranqüilizaram e os seus temores foram amainados. Eles saíram às ruas de Leningrado cantando e dançando em total gratidão.

Porém, alguns dos chassidim mais proeminentes daquela geração estavam presentes naquele dia, e eles não ficaram muito satisfeitos com o que estava acontecendo. (Reb Mendel sempre se recusou a identificá-los e apenas dizia: “fun di gor, gor groisse — dos maiores dentre os maiores”.) Eles se preocuparam com o que aconteceria se, “aos olhos físicos”, as palavras do Rebe não se cumprissem imediatamente. O que aconteceria se todo esse entusiasmo desenfreado levasse a um desapontamento terrível ou a uma crise espiritual?

Em todo caso, estes “grandes chassidim” decidiram “proporcionar o remédio antes da doença” e trazer todos de volta à realidade. Eles reuniram os chassidim e disseram que o Rebe não quis necessariamente dizer que as suas palavras seriam cumpridas no sentido literal. Talvez o Rebe só estivesse expressando um desejo de que nós nos reunamos, e não realmente prometendo. Além disso, eles continuaram, estar próximo do Rebe é um conceito espiritual, e não implica necessariamente uma proximidade geográfica. Uma pessoa pode estar ao lado do Rebe no sentido físico, mas na realidade estar tão longe dele “como o leste está do oeste”. De modo similar, um chassid pode estar no outro lado do mundo, mas se ele é verdadeiramente mekushar [conectado], o Rebe está com ele.

(Um exemplo clássico disto é a famosa história de Reb Mendel, que uma vez compôs mentalmente um pidyon nefesh para o Rebe Rayatz durante o seu interrogatório pelo G.P.O. Anos mais tarde, quando ele finalmente deixou a União Soviética e chegou na Inglaterra, encontrou uma carta do Rebe com a mesma data, entregue ao endereço da sua esposa, na qual o Rebe lhe dizia que o seu pidyon nefesh havia sido recebido...”)

(Outra história famosa: Nos primeiros dias da nessiyut [liderança] do Rebe, quando viajar para outro continente ainda era um luxo, certa vez um chassid pediu para o Rebe uma berachá “para aqueles que ainda não tiveram o mérito de chegar aqui”. Em resposta, o Rebe lhe deu também uma berachá “para aqueles que já estão aqui mas não chegaram [no sentido físico]”.)

Os argumentos apresentados pelos “grandes chassidim”, que pareciam estar falando com tamanha autoridade, continham certas verdades: A hitcashrut [ligação] transcende o local físico, e só depende da própria pessoa. Mas, é claro, isto não é o que todos tinham em mente quando ouviram o Rebe dizer “M’darf zich zehen, m’muz zich zehen, un m’vet zich zehen”.

O que aconteceu depois foi que o espírito eufórico entre os chassidim evaporou instantaneamente. Em vez de plena fé na promessa do Rebe de que eles seriam reunidos, eles ficaram novamente tristes e deprimidos pela perspectiva de serem deixados para trás.

Havia, porém, um pequeno grupo de chassidim (Reb Refael Kahan sempre agradecia a D’us por ser um deles) que se recusou a ouvir qualquer conversa desse tipo. Se o Rebe disse que nos veríamos uns aos outros novamente, podemos estar confiantes de que nós iremos nos ver novamente, no sentido literal. Eles continuaram a dançar pelas ruas de Petersburg, a dar cambalhotas, etc.

O final da história é que todos os chassidim que acreditaram que veriam o Rebe novamente begashmiyut [fisicamente] acabaram deixando a União Soviética e viram o Rebe begashmiyut. Porém, a maioria dos outros só se reuniu com o Rebe beruchniyut [espiritualmente]...

Há um ano e meio eu contei esta história num farbrenguen no 770. Sentando próximo a mim estava o Rabino Zalman Notik, mashpia da Yeshivat Torat Emet, em Yerushaláyim, que tinha uma história semelhante para contar:

Alguns anos atrás, durante mivtsaim, alguns rapazes da yeshivá dele encontraram um grupo de judeus que tinham emigrado recentemente da União Soviética. Como muitos dos seus pobres irmãos, eles eram quase que completamente ignorantes sobre Judaísmo, mas não era por culpa deles.

Os bachurim ajudavam os homens a colocar os tefilin, quando de repente um velho judeu russo chegou, todo excitado. “Vocês são de Lubavitch?”, ele perguntou. “Eu tenho uma história para lhes contar!

“Quando eu era uma criança na Rússia”, ele começou, “costumava participar dos farbrenguens secretos dos Lubavitchers. Eu também costumava rezar com eles e freqüentava os seus shiurim.

“Em um farbrenguen que eu sempre lembrarei, os chassidim estavam bebendo mashke como se estivessem "passando da conta". O tópico principal da discussão naquele dia era o desejo de estar junto com o Rebe. Nós cantamos ‘Der Oibershter vet gueben guezunt un leben, velen mir derzehen zich mit unzer Rebbin!’ (‘Que D’us nos conceda boa saúde e vida, e nós nos reuniremos com o nosso Rebe’.) ‘Oy, Rebe, Rebe, Rebe...’ Nosso intenso desejo ardente para estar com o Rebe era quase palpável e crescia a cada minuto.

“De repente, no meio do farbrenguen, alguns chassidim se levantaram e decidiram ‘agir’. Pegando algumas cadeiras, eles as viraram de cabeça para baixo e as enfileiraram para formar um ‘trem’. Imaginem só — homens adultos se comportando como crianças de jardim de infância, sentando em cadeiras viradas e fingindo que estavam indo para o Rebe!

“A maioria dos outros chassidim, inclusive eu, apenas ficou assistindo de pé. Nós rimos deles e dissemos que estavam loucos. Que tolice ridícula e infantil!

“Mas o que aconteceu depois realmente faz você se espantar”, o velho homem concluiu. “Num espaço muito curto de tempo, todos os chassidim que estavam no ‘trem’ receberam permissão para deixar a União Soviética, e de fato foram para o Rebe, enquanto que o restante de nós, os ‘normais’, fomos deixados para trás. E como você pode ver claramente, a maioria de nós não teve a força para continuar cumprindo Torá e mitsvot atrás da Cortina de Ferro, e só agora está começando a recuperar o tempo perdido...”

* * *

Der Rebe iz a guter — o Rebe é bom”, declarou o Rebe na famosa sichá de Shabat Parashat Ékev 5713. Isto significa que o Rebe se relaciona com cada um de maneira recíproca:

Se alguém pensa que o Rebe se encontra “acima dos sete firmamentos celestiais, e até mais elevado”, o Rebe corresponderá com ele como se ele, também, estivesse acima dos sete firmamentos celestiais” — isto é, muito distante. Ao mesmo tempo, se alguém quer estar perto do Rebe aqui embaixo, no mundo físico, o Rebe de fato estará com ele naquele nível.

Em muitas ocasiões o Rebe enfatizou a importante característica distintiva existente nas palavras “kashé alai peridat’chem — a partida de vocês é difícil para Mim". A “partida”, por assim dizer, só é iniciada por vocês; pela perspectiva do Rebe não existe nenhum afastamento. O Rebe está próximo de todos os judeus, individualmente e como um todo. O Rebe “supervisiona cada um e examina o seu coração para ver se ele o serve corretamente”. Toda ação positiva proporciona ao Rebe nachat ruach [satisfação] e acrescenta ao seu bem-estar físico. Toda ação oposta, D’us o proíba, causa o oposto.

 

O Rebe oferece a sua mão sagrada a todos os que estão dispostos a pegá-la, concedendo-nos a sua bênção a cada passo do caminho. O Rebe sabe o quedentro de nossos corações e nos guia aonde quer que nós vamos e em todas as circunstâncias. O Rebe “entende” quando nós não nos comportamos exatamente como deveríamos, e ainda assim ele não nos abandona. Pelo contrário, ele nos ajuda a superar as nossas dificuldades e melhorar a nossa conduta.

Como diz David HaMelech nos Salmos (139:8): “Se eu ascender até o Céu, você está ! Se eu preparar o meu leito no Sheol, eis que você está ”. Não faz diferença se o nosso nível espiritual é elevado (“Céu”) ou baixo (“Sheol”); o Rebe está sempre conosco e acessível.

A única coisa necessária é que nos relacionemos com o Rebe da maneira apropriada. Nós temos de nos relacionar com o Rebe como um rei vibrante e vivo, que é chai vekayam no presente, no plano físico, e não como alguém que existiu no passado, D’us o proíba. Pois, como explicado muitas vezes, a função principal do Rebe Melech HaMashiach Shlita, a “sétima geração”, a sefirá de Malchut (e especialmente durante este centésimo anoMalchut shebeMalchut), é completar o processo de atrair a Divindade para baixo nos níveis de existência mais inferiores.

A nossa relação com o Rebe deve ser sincera e genuína, e não apenascomo se” estivéssemos “embarcando no trem”. (É claro que mesmo fazer algocomo se” causa um efeito profundo no universo. Como o Rebe explicou muitas vezes, a realidade física muda conforme a vontade do judeu, “o baal habayit” do mundo.) Porém, isto deve ser acompanhado pelo reconhecimento de que assim é a verdadeira realidade.

Estes princípios não são para discussão ou debate. Como diz o ditado, quanto mais simples e mais profundo é uma coisa, melhor, porque é mais verdadeira.

O modo que nos relacionamos com o Rebe é recíproco. Quando tratamos o Rebe como “Rebe Shlita” — sem recorrer a explicações ou justificações, mas como fato simples, imutável e literal — o Rebe responde de maneira semelhante. Por esta razão, não se pode enfatizar suficientemente como é crucial referir-se ao Rebe como “o Rebe Shlitatanto por escrito como em fala. Na minha opinião, isto é tão importante (e talvez ainda mais) do que se referir ao Rebe como Melech HaMashiach, pois também serve para acostumar o mundo a aceitar isto gradualmente como a verdadeira realidade.

Porém, a relação também funciona na outra direção. Quando o Rebe quer algo de nós e nós não cumprimos as suas expectativas e oferecemos todos os tipos de desculpas (“isto afastará os judeus”; “denegrirá Lubavitch aos olhos do mundo”, etc.), nós vemos que isto causa certos encobrimentos da parte do Rebe.

Por exemplo: no verão de 5751 o Rebe várias vezes tinha respondido de modo positivo e entusiástico sobre o psak din dos Rabanim que o confirmavam como Melech HaMashiach, sobre a canção de “Yechi”, os abaixo-assinados paracabalat hamalchut” [aceitação do seu reinado como Mashiach], etc. Porém, quando algumas pessoas começaram a “explicarque toda essa ênfase em Mashiach e Gueulá afastaria outros judeus, isto conduziu a um período de leveesfriamento”, quando o Rebe não falou tão abertamente sobre o assunto.

* * *

A conclusão: O principal caminho para forjar o “recipientepara a hitgalut [revelação] do Rebe é afirmar os fatos como eles existem, e orgulhosamente contar ao mundo que não há nenhuma alternativa. Que nós possamos merecer que isto leve ao último cumprimento do plano Divino para o povo judeu e para o mundo inteiro, imediatamente.

Yechi Adoneinu Moreinu VeRabeinu Mélech HaMashiach Leolam Vaed!

Voltar para o Índice