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We Want Mashiach Now!

Ad Matai!

Melech HaMashiach — uma alma num corpo

KFAR CHABAD (ISRAEL) — Rabino Levi Yitzchak Ginsberg.

Havia uma vez um chassid e um mitnagued (alguém que se opõe ao Chassidismo) que eram parceiros assim como bons amigos. Como amigo leal do mitnagued, o chassid fez o melhor que pôde para convencer o amigo sobre a importância de viajar para ver o Rebe e com ele estabelecer um vínculo. Mas o mitnagued recusava-se a ouvir. “Não acredito em nada disso”, dizia ele. “Sou um chassid de Deus, e não preciso de intermediários. Hashem aceita-me diretamente sem que eu tenha de ir até o seu Rebe. Gosto de você e respeito-o, mas não quero que você se imiscua em minha vida espiritual. Não o incomodo; por favor, não me incomode”.

Reb Mendel Futerfas relatou: Depois que, miraculosamente, o Rebe fez com que eu saísse da prisão soviética, vim até ele, pela primeira vez, em Kislêv de 5724 (1964). Tornei a estar na presença do Rebe em Rosh Hashaná, 5725, por ter ouvido de meu avô, um chassid do Tsemach Tsedek, que é preciso ouvir tekiyot de um “adam” (homem) e não de alguém que é meramente chamado de “homem” e que na verdade nada mais é do que um “animal” que caminha sobre dois pés... Assim sendo, não temos escolha — se não fazer todo o possível, mesmo que exija muito esforço — a não ser viajar até o Rebe todos os anos em Rosh Hashaná para ouvir as tekiyot de alguém que é ”yodêa teruá” (que “sabe” como tocar o shofar, antes do que de “tokei teruá” — alguém que simplesmente sopra o shofar).

Na verdade, Reb Mendel era tão bom quanto sua palavra; vinha todos os anos, mesmo quando era muito difícil, e exigia isto também de outros.

Ele impelia a si mesmo entre os outros, mesmo em lugares em que as pessoas mais jovens não poderiam agüentar por causa do empurra-empurra, a ponto de ser difícil respirar — para ouvir as tekiyot do próprio Rebe (também nos farbrenguens, ele mais ficava de pé do que se sentava, o máximo que podia suportar).

Mesmo depois de 27 de Adar de 5752, quando por meio ano não foi possível ver o Rebe, e ninguém sonhava que o Rebe aparecesse em público — Reb Mendel insistia que as pessoas viessem ao Rebe, porque “os receptáculos atraem a luz”. E isto mesmo “atrairia” e faria com que o Rebe aparecesse diante de nós. E foi precisamente isto que aconteceu. Começando em Rosh Hashaná, 5753, o Rebe começou a sair e encorajou o canto de “Yechi”.

Mesmo depois de Guimel Tamuz de 5754, Reb Mendel continuava a exigir que as pessoas viajassem até o Rebe. Pedia ele que não só divulgássemos que as pessoas deveriam ir, mas que devemos ir. Ele próprio foi, com exceção de que, no trajeto, quando estava na casa de seu filho, em Londres, o médico não permitiu que ele continuasse viajando devido à sua saúde, e lá ficou ele até falecer, em 5 de Tamuz de 5755.

Em 6 de Tishrei de 5725, Rebetsin Chana faleceu e o Rebe rezou no amud em todas as tefilot. Reb Mendel tinha sido criado e educado sobre prolongadas e calmas orações e ele educou outros para fazerem o mesmo e exigia isto de seus talmidim. Assim, ele ficou meio surpreso pela relativa velocidade da reza. Ele não manifestou seu espanto e chegou mesmo a se castigar por ter críticas a respeito de seu Rebe. A maneira como ele explicou isto para si mesmo foi que um Rebe pode realizar num segundo o que ninguém pode fazer, ainda que se lhe dê dias, meses ou anos. Mesmo assim, isto de alguma forma o incomodou, apesar do fato de ele ter tentado com toda a sua força dispersar quaisquer pensamentos negativos sobre as maneiras de ser do Rebe; durante muito tempo ele não pôde se perdoar pelos pensamentos que tivera.

Mas Reb Mendel não foi deixado por muito tempo com tal pensamento... O Rebe iniciou o farbrenguen (Sichot Kodesh — 5725, vol. 1, pp. 27-9) do segundo dia de Yom Tov de Sucot com a história sobre a sucá do Baal Shem Tov em Mezibuz, sobre a qual havia muitos itens haláchicos questionáveis. Os guedolim de Mezibuz tinham gasto um bocado de tempo para constatar que ela era casher até que o Baal Shem Tov abriu sua mão e mostrou um pedaço de pergaminho no qual estava escrito “Sucat R’Yisrael kesherá” (a sucá de Rabi Yisrael é casher) e que estava assinado pelo anjo Matat.

O Rebe perguntou: Por que o Baal Shem Tov fez isto? Não poderia ele ter feito a sucá obviamente casher desde o início, sem falar behidur — especialmente sabendo (ainda que ele pudesse não ter idéia disso) quão elevadamente o Baal Shem Tov encarava a observância da mitsvá e a que ponto ele estava querendo ir por messirut nefesh com vistas ao mínimo detalhe em hidur mitsvá?

O Rebe explicou: Existem três coisas no mundo: 1) mitsvá (coisas ligadas à kedushá); 2) reshut (aquilo que é opcional); 3) coisas que são assur, pertencentes àquilo que se opõe a kedushá.

Existem coisas relativamente às quais não há dúvida quanto à qual categoria se incluem. Mas depois existem coisas (reshut) que o lado da kedushá proclama serem dela e que o outro lado diz ser dele.

Esta é a idéia do nassí hador, concluiu o Rebe. Quando ele vê que o outro lado está reivindicando que a luz da kedushá não pode incidir sobre uma determinada coisa, ele se rebaixa e nulifica a materialidade até que a luz da kedushá lá também desça.

Ao longo de toda a sichá o Rebe olhava intensamente para Reb Mendel, que compreendeu muito bem como o Rebe lia seus pensamentos sobre a reza rápida (sem ter contado a ninguém, e a despeito de ele ter afastado isto de seus pensamentos), e como o Rebe estava respondendo a sua pergunta não formulada. O Rebe estava lhe dizendo que não havia contradição para aquilo que ele tinha estado a fazer o tempo todo (e continuava a fazer) — que era educar a si mesmo e a outros para rezar pacientemente e prolongadamente.

Em geral, Reb Mendel sentava-se próximo ao chazan e pedia a ele para ir mais devagar. Isto além de exigir o mesmo de seus talmidim e mashguichim, e tudo isto por causa de uma “resposta” do Rebe. Pois, caso Reb Mendel tivesse chegado à conclusão de que o Rebe não pensava que isto fosse algo a enfatizar agora, então, apesar de todo o seu chinuch no passado ele teria mudado sua maneira de ser e buscado aquilo que agora o Rebe ressalta. Mas o Rebe tinha se incomodado com esclarecer que as coisas não tinham mudado e que a pessoa deve rezar lentamente e pacientemente como sempre, e com relação à conduta do Rebe, ele era o nassí hador e sua função é elevar as mínimas coisas.

* * * 

O Baal Shem Tov disse que ele poderia ter sido levado numa tempestade ao céu, como fizera Eliyahu HaNavi, mas ele quis passar pela experiência de retornar ao pó. Como podemos compreender isto?

O Rebe Rashab explica (em Torat Shalom) que é por ser o pó derivado de “Atsmut”, a única força capaz de criar ex nihilo, como explicado em Igueret HaKodesh. Assim, se seu corpo tivesse subido para o céu como o de Eliyahu, então fisicamente teria sido elevado e transformado em espiritualidade, assim como o corpo de Eliyahu tinha se tornado espiritual. O Baal Shem Tov quis que seu corpo permanecesse físico, para permanecer pó, e para exprimir e revelar o koach ha’Atsmut (poder da Essência Divina) desta forma.

Descreve-se que Eliyahu atingiu a perfeição em sua avodá, daí porque ele é o que anuncia a vinda de Mashiach, visto que ele aperfeiçoou seu corpo tanto que seu corpo se tornou espiritual — mesmo assim, a condição física, enquanto tal, não foi refinada; foi transformada em espiritualidade. E o propósito é que o aspecto físico, a materialidade, permaneça materialidade, e que desta forma se torne um recipiente para a Divindade — a ponto de o koach ha’Atsmut ser revelado dentro dele, e a neshamá será sustentada pelo corpo — tudo isto sendo o chidush de Mashiach.

O fato de Eliyahu não retornar ao pó não foi um chissaron (deficiência), porque não era seu trabalho. Bastou que seu corpo permanecesse no Olam HaYetsirá. Mas o Baal Shem Tov, que era o nassí ha’dor, uma alma abrangente, tinha a tarefa de atingir todos os judeus e de inspirá-los, mesmo o mais inferior dentre eles, porque ele tinha de “atingir” e “percorrer” mesmo os mais inferiores níveis, e inspirar e criar uma conexão com Hashem, com Atsmut U’Mehut Ein Sof Baruch Hu, mesmo naquele ponto. É por isso que ele tinha de (e, portanto, queria) retornar ao pó.

O Baal Shem Tov não quis abandonar a materialidade como Eliyahu o fez, visto que sua tarefa acarretava necessariamente começar a união da materialidade com a Divindade, razão pela qual ele não quis que seu corpo se tornasse uma entidade espiritual. O corpo permaneceu físico, mas visto que o refinamento da materialidade ainda não tinha se completado, o processo de retornar ao pó tinha de acontecer.

A união empreendida pelo Miteler Rebe entre a materialidade e a Divindade levou o processo mais adiante ainda, que foi expresso mesmo em seu corpo físico (pois era físico), a união da materialidade com Elokut, de forma tal que a perfeição espiritual foi expressa fisicamente pelo fato de serem no mesmo dia seu aniversário e sua histalkut. Mas isso também era uma situação de retorno ao pó.

Mas, Melech HaMashiach, diz o Rebe na sichá de Parashat Chayei Sará, 5752, é o ápice na unificação da espiritualidade e da materialidade, alma e corpo, Elokut e o mundo. Sua preocupação básica é a materialidade, o corpo e o mundo. Ele precisa ser uma alma num corpo, carne e sangue.

Ao mesmo tempo, para unir a alma e o corpo entre nós e efetuar a unidade entre a espiritualidade e a materialidade no mundo, ele precisa conter ambos os aspectos. E agora (a partir da sichá) podemos realmente ver como já temos o “lutar as guerras de Hashem” e “ele foi vitorioso em numerosos assuntos — mediante uma guerra pacífica”, e assim a única coisa a fazer é saudá-lo de forma que ele possa cumprir sua missão.

E prossegue o Rebe dizendo que isto está conectado de modo especial ao mês de Kislêv, o terceiro mês da estação das chuvas. Pois a chuva está ligada à missão de Melech HaMashiach, como está descrito no versículo “E uma névoa elevou-se do chão” (como uma alma num corpo), o resultado do que é o refinamento do mundo — de matéria grosseira fizeram-se corpos físicos, e de corpos físicos “elevou-se uma névoa” (isto é, “névoa”, o elemento ar, é o elemento mais refinado).

E o Rebe ressalta que com relação a Mashiach, o físico não se torna espírito, pois este não é o propósito, e certamente a neshamá não se separa do corpo, pois isto certamente vai de encontro ao propósito, mas o próprio físico, por permanecer físico, torna-se mais e mais refinado, de baixo para cima, até que se torne “mais elevado até do que “um espírito de Elokim pairando sobre a água” — este é o espírito de Mashiach — pois ocorre a ressurreição como a alma de meu sogro, o Rebe, como um corpo numa alma ( e não apenas como é o caso do espírito de Elokim pairando sobre a água)”.

Como disse o Rebe explicitamente na sichá de Haazinu, 5750 (não editada): Obviamente, em nossos dias, após tudo por que passamos através das gerações, e tendo cumprido nossa obrigação para com todas as experiências negativas (como o Miteler Rebe disse), não mais há descida, etc. (nem mesmo “um que decai de seu nível espiritual é chamado de ‘morto’”) e, portanto, há a metsiyut [existência] de Moshé — o primeiro redentor é o redentor final, uma alma num corpo de uma maneira eterna.

Possamos nós ver isto imediatamente da maneira mais concreta, e então o mundo proclamará:

Yechi Adoneinu Moreinu VeRabeinu Mélech HaMashiach Leolam Vaed!

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