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Não fique em cima do muro! KFAR CHABAD (ISRAEL) Rabino Levi Yitzchak Ginsberg.Ouvi duas histórias num dos muitos farbrenguens deste mês. Uma delas aconteceu faz muito tempo e foi contada por chassidim da Polônia e Hungria, e a outra aconteceu em nossos tempos. Eis como se narra a primeira história. O “Yismach Moshé”, Rabi Moshé Teitelbaum de Ohil, que foi o primeiro da dinastia Satmar da Hungria, dizia que sua vida na Hungria, naquele particular tempo e lugar, não era a primeira vez que estava neste mundo físico. Era, pelo menos, a terceira vez! Ele se lembrava em dois prévios guilgulim (encarnações) nos quais participou de acontecimentos significativos da história judaica. [A propósito: os chassidim poloneses diziam o mesmo a respeito do Rabi Yisrael de Ruzhin, que disse ter estado aqui em guilgulim anteriores. Dizia ele que um guilgul foi quando ele era um Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) que adentrou o Santo dos Santos no Yom Kipur para oferecer o incenso. Quando ele lia a descrição do serviço de Cohen Gadol no Beit HaMicdash no Machzor de Yom Kipur, ele não dizia o texto usual: “e é isto que ele diria” (referindo-se ao Cohen Gadol), mas “e foi isto que eu disse”!] Na primeira encarnação, disse o Yismach Moshé, fui uma ovelha do rebanho de Yaacov Avínu, quando ele pastoreou o rebanho de Lavan. Em muitos sefarim, se diz que Yaacov Avínu (que foi um dos “Sete Pastores”) possuía um rebanho de 600.000 ovelhas, que incluía 600.000 almas judias, e eu me lembro de mim mesmo como sendo uma dessas ovelhas. Lembro-me até da melodia que Yaacov tocava em sua flauta quando era hora de reunir o rebanho. A segunda vez foi quando eu fui dos 600.000 homens a deixarem Mitsrayim. Lembro-me do deserto e de todos os testes e provações que suportamos, especialmente o difícil período da rebelião de Korach. Este foi, verdadeiramente, o de maior sofrimento. Korach, que, pessoalmente, era um homem dos mais respeitáveis e que arrastou consigo 250 líderes do San’hedrin, incitou um grande distúrbio, uma grande rebelião entre o povo contra Moshé Rabeinu. Tratava-se de Moshé Rabeinu, o Pastor Fiel, que por todos era conhecido como sendo o shaliach de Hashem. Os argumentos de Korach eram tão convincentes que o sentimento de que estava impregnado o povo, particularmente os líderes da nação era de oposição a Moshé. Um dos seguidores do Yismach Moshé ousou perguntar: E de que lado estava o Rebe naquele tempo — do lado de Moshé ou do lado Korach? O
tsadik pensou por um momento e depois disse: Já que você perguntou, vou
lhe dizer. Eu fui um daqueles que estavam indecisos. Por outro lado, como poderia alguém se opor a Moshé Rabeinu, quando “nossos próprios olhos viram”, e não os de alguns estranhos, “e nossos ouvidos ouviram”, e não os ouvidos de outrem, como Hashem lhe falou na Outorga da Torá? Nós próprios testemunhamos os milagres e maravilhas e a mão forte e o braço estendido que Hashem demonstrou por intermédio de Moshé! Nossos próprios ouvidos ouviram Hashem lhe dizendo “e eles também acreditarão em você para sempre”; assim, depois de tudo isto, como poderíamos nos opor a ele?! Então eu decidi que não me envolveria em disputas. Eu não queria me identificar com nenhum dos dois lados. Não seria eu quem tomaria a decisão final. Tinha amigos de ambos os lados e eu não queria adotar uma posição e alienar ninguém. Eu disse a mim mesmo que, especialmente em tais tempos difíceis, tão cheios de disputas e divisões, era importante me apegar à paz e unidade, sem fazer coisas que poderiam conduzir a discussões. Assim, decidi não decidir. No meu coração eu estava com Moshé, mas eu não queria me identificar abertamente com ele. Não queria participar do debate fosse como fosse, para não promover divisões. Todos conhecemos o final da história. Korach e seus seguidores foram engolidos pela terra, os 250 líderes do San’hedrin foram consumidos pelo fogo, e muitos judeus, que tinham ficado do lado de Korach, morreram numa epidemia. Quanto a mim, que hesitara e não quisera ficar com um dos lados por causa da paz e da unidade e para não ampliar a divisão, foi decidido que eu reencarnaria e que alguns de meus descendentes se envolveriam em disputas. Diz o Rebe (Likutei Sichot, vol. 1, Parashat Ki Tissá, pág. 183): Na haftará de Parashat Ki Tissá relata-se o que Eliyahu fez durante uma emergência nacional. Ele reuniu todos os profetas de Baal e todos os de Bnei Yisrael e lhes disse: “Quanto tempo vocês ficarão transpondo entre as duas opiniões?” Por que foi que Eliyahu perguntou a eles isto, quando ele deveria ter perguntado: “Por quanto tempo vocês servirão a Baal?” Tinha chegado o tempo de parar de servir a Baal e de proclamar: “Hashem hu ha’Elokim!” Mas, de certas maneiras, a pessoa hesitante é pior do que aquela que serve Baal abertamente! 1) Visto que aquele que adora a ídolos acredita que são as estrelas e as constelações que lhe dão bem-estar físico, razão pela qual esta pessoa se curva perante os ídolos — quando essa pessoa reconhece que está enganada, fará uma teshuvá (arrependimento) completa. Aquele que permanece indeciso, no entanto, jamais fará teshuvá. Nunca sentirá a magnitude de seus pecados, porque argumentará: Eu só estava em dúvida, e isto só foi externamente — eu era realmente um crente o tempo todo, etc. Assim, jamais ele se arrependerá inteiramente. 2) Aquele que verdadeiramente crê em ídolos, pensa que quem manda é Baal, é, mesmo assim, alguém que se preocupa com a espiritualidade, até certo ponto. No entanto, quem permanece indeciso jamais se compromete com o verdadeiro D-us ou com qualquer outra coisa (ainda que desorientado). A prova é que mesmo que ele saiba a verdade de “Hashem hu ha’Elokim”, ele está preparado para trocar Hashem pela materialidade, chas veshalom! Os resultados? O cultuador de ídolos, que se preocupa com a espiritualidade, quando informado de seu erro, fará teshuvá. Mas a pessoa indecisa, que só cuida das coisas físicas — mesmo quando tem consciência da verdade (que tudo que é físico depende de Hashem) não se arrependerá completa e verdadeiramente porque sua motivação ainda será material! 3) Não há preocupação de que um judeu vá aprender com um adorador de ídolos. Visto que ele sabe que o outro é um herege, nada tem o judeu a ver com ele. Por outro lado, visto que o indeciso acredita em Hashem, tem-se possibilidade de aprender com ele. Ele se torna alguém que “faz com que a multidão peque”. Diz a Guemará que o desejo e o yêtser hará (inclinação para o mal) para adoração de ídolos foi eliminado, mas a idéia de vacilar ainda é mais forte hoje do que o yêtser hará por ídolos. Existem judeus que cedem com relação à Torá e às mitsvot por razões materiais (sustento, honra, ou preocupação com o que as pessoas dirão). Durante muitos dias ou semanas, eles põem ao seu lado o Shulchan Aruch e Hashem (assim por dizer) de forma que as pessoas não digam que eles não são bons para nada, que não são realistas, ou que aqui nos Estados Unidos eles não sabem que precisa-se abandonar os velhos costumes e ser “moderno”... Por esta razão — para que as pessoas não possam dizer que ele não serve para nada, ou para ganhar honra ou dinheiro (ainda que a verdade, quanto a isto, é que ele acaba perdendo dinheiro com médicos, etc., visto que o dinheiro não foi ganho de uma maneira que agradasse a D-us, e assim a pessoa perde a bênção que teria nisto e o dinheiro vai para coisas indesejadas) — ele está pronto, pelo menos temporariamente, para vender sua alma a Hashem (assim por dizer). Precisamos saber que, de muitas maneiras, isto é pior do que idolatria. 1)
É difícil para ele fazer uma autêntica teshuvá visto que ele não
pensa 2) Ele é corrupto, e troca as coisas espirituais e eternas por assuntos físicos, transitórios. Ele vende o Mundo Vindouro por dinheiro ou honra. 3) Ele faz com que outros pequem. Fosse ele decididamente herético, eles o repeliriam, mas visto que ele diz que, por um curto período, não é tão ruim assim, e ele até traz uma “prova” para tanto de um versículo ou dos Sábios — ele leva outros também a pecarem. Esta é a lição que deveríamos aprender desta haftará: vacilar é pior do que cultuar ídolos! E assim como naquela época, Bnei Yisrael fez teshuvá e proclamou “Hashem hu ha’Elokim” duas vezes (porque por meio dessa teshuvá chegaram a um estado mais elevado do que tinham em Matan Torá, onde “Eu sou Hashem seu D-us” foi dito só uma vez) — da mesma forma, hoje, todas as pessoas ambivalentes deveriam fazer teshuvá, de uma maneira dupla, e a luz que receberão por meio dessa teshuvá iluminará aqueles levados a pecar, e todos proclamarão “Hashem hu ha’Elokim, Hashem hu ha’Elokim!” (final da sichá). Agora, com relação à nossa situação: Infelizmente, existem aqueles que não “suportam” a sagrada proclamação de “Yechi Adoneinu (...) Melech HaMashiach”. Pensam que é “apenas um slogan”, que é “chitsoniyut” (superficial), que isto “afasta as pessoas”, que estas sichot deveriam ser postas de lado, etc. Eles estão cometendo um sério engano, mas quando se derem conta dos erros de seus descaminhos, farão uma teshuvá completa. Acreditam que o que pensam está certo, e talvez as pessoas não queiram na verdade aprender com elas, visto que sustentam que “não temos quinhão em David nem temos herança com Ben Yishai”. Mas alguém que considere a si mesmo como um crente (também abertamente, não apenas em seu coração, como todo judeu) em qualquer coisa, disse Rebe. Na exigência de que Mashiach precisa ser divulgado; no fato de que “a única avodá que resta é saudar Mashiach”, de um jeito de “apontar com o dedo e dizer ‘aqui está Melech HaMashiach’”; na medida em que isto se realiza dizendo “Yechi”, que é a essência da revelação de Melech HaMashiach, que é mais elevado do que “manifestações” externas de Mashiach, e por meio disto e após isto virão as manifestações, que incluem em particular “sua revelação diante de todos os olhos, para redimir o povo judeu” e “ele forçará todo Israel” e “lutará as guerras de Hashem” e “construirá o Micdash” e “reunirá os dispersos de Israel” (como se diz no final da sichá de Parsahat Toledot, 5752) e que isto faz com que “se levantem e cantem (e não “aqueles que habitam no pó”) David Malka Meshicha”; e alguém que acredita na profecia que Mashiach tem antes da Gueulá (Shoftim 5751) e a necessidade de divulgar isto como se diz na sichá, etc. Mesmo assim, ele não proclama publicamente “Yechi Adoneinu”, etc., por toda parte e em todas as ocasiões adequadas, especialmente quando se diz em 770, e ele não afirma ser certo que se ponha “Yechi” em todo documento emitido, e ele não “causa um tumulto” sobre Mashiach o tempo todo, porque quer permanecer amigo de todos com falsas afirmações de querer união (a qual, ainda que necessária e obrigatória não pode ser às custas do abandono de princípios; especialmente, não se deve fazer uso de afirmações de união para evitar sair do lado de Moshé Rabeinu, D’us nos livre), etc., etc. Eliyahu afirma para esta pessoa: Quanto tempo você ainda vai ficar indeciso? Como diz o Rebe, isto é pior do que alguém que não tem nenhuma emuná, chas veshalom, e alguém que se curva perante ídolos! Assim é especialmente quando sabemos estar numa situação de “Petersburg”, quando o Rebe é mosser nefesh (sacrifica a si mesmo) por amor à revelação Divina ele está nos trazendo (assim como todas as histórias que conhecemos sobre o Alter Rebe antes de Yud-Tet Kislev, o Miteler Rebe antes de Yud Kislev, o Rebe Rayats antes de Guimel Tamuz, e quando os Rebein estiveram [como diziam] mal de saúde, quando foram aprisionados, quando havia obstáculos, etc.) e ele espera para ver como agiremos, nós que somos chamados seus chassidim e talmidim — nós o seguiremos de maneira que ele exige, pela qual ele é mosser nefesh, ou será que nos retrairemos e permaneceremos satisfeitos com o que uma vez tivemos, chas veshalom? Examinemos isto: como teriam os chassidim nos tempos antes de Yud-Tet Kislev parecido se eles tivessem decidido voltar à velha Chassidut do Baal Shem Tov e do Maguid e não tivessem se envolvido com “Chassidut Chabad” pela qual o Rebe estava sofrendo? Ou como os chassidim do tempo anterior a Yud Kislev teriam parecido se tivessem sugerido o retorno ao Chabad do Alter Rebe em vez de seguirem as inovações do Miteler Rebe? Ou — dando um salto de volta ao passado — como teriam os judeus do tempo dos macabeus (Chashmonaim) sido bem-sucedidos se tivessem “ficado em cima do muro” em vez de combaterem os gregos, enquanto proclamavam que isto daria um fim às disputas? É verdade que todos foram redimidos porque Hashem sempre nos salva, e Mashiach não deixará um judeu sequer para trás, no Exílio, mas... Estendi-me tanto que me esqueci da segunda história do farbrenguen: uma vez um judeu foi até o Rebe para pedir uma brachá para ter filhos, depois de ter esgotado todos os outros recursos de auxílio. Aquele judeu era um mitnagued (ele se opunha ao chassidismo) e fora só com grande dificuldade que se decidira a ir até o Rebe solicitando uma brachá. O Rebe lhe disse que pendurasse um retrato de um tsadik em sua casa e prometeu que, com a ajuda de Hashem, ele teria filhos. A pessoa deixou feliz o 770, ainda que se perguntasse se dava para acreditar e se fiar no Rebe — ou não. Um ano depois aquele judeu retornou ao 770 com muitas queixas — a brachá não tinha sido cumprida! Um chassid lhe perguntou: O Rebe lhe disse para fazer uma coisa, pendurar um retrato de um tsadik. Você fez isso? Claro que sim, respondeu o outro. Pendurei um grande retrato do “Chafêts Chaim”. Agora eu entendo, disse o chassid. Será que tinham de lhe dizer exatamente o que fazer? Tinham de lhe dizer letra por letra? Alts darf men davka zogn mitn grobn finguer? Quando lhe disseram para pendurar um retrato de um tsadik — obviamente supunha-se que fosse um retrato do Rebe! É isto que o ajudará! O homem não podia decidir se aceitava isto ou não, mas não tendo alternativa, tentou também esta idéia. Nem preciso lhes dizer como terminou a história — um ano depois ele voltou ao 770 dizendo das boas notícias sobre um menino recém-nascido... Alts darf men davka zogn mitn grobn finguer?! Yechi Adoneinu Moreinu VeRabeinu Mélech HaMashiach Leolam Vaed. |